"É o afeto dedicado à uma criança que faz dela um filho e constrói em nós a postura de pais". A partir da observação do psicólogo pernambucano, e autor do livro "Compreendendo o filho adotivo", Luís Schettini define muito bem a importância do carinho entre pais e filhos. Entretanto, há entraves que dificultam este apreço, principalmente em indivíduos que buscam adoção como alternativa, seja pela demora nos processos de adoção, seja pelas exigências dos adotantes quanto ao perfil dos adotados. Mormente, a morosidade do processo de adoção contribui para que crianças e jovens cresçam sem família. Dessa maneira, um estudo a pedido do Conselho Nacional de Justiça(CNJ) afirma que, em média, uma criança é colocada em adoção após três anos, decorrente da perda do poder familiar. Infelizmente, pela demora por informações de familiares, além de questões burocráticas dificulta o acolhimento familiar, fato que fere os direitos humanos e os direitos da criança de ter uma família. Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração, é que a maioria dos cadastrados tem um perfil de adotado determinado. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Nacional de Adoção(CNA), atualmente o sistema conta com cerca de 45 mil interessados em adotar e 9 mil crianças e adolescentes à espera de uma nova morada. Todavia, a maioria dos pretendentes buscam por crianças brancas, sem deficiências, ou sem irmãos, e têm preferências por crianças com menos de 4 anos(somente 4,1% possuem essa idade). Diante disso, é possível notar que, a cada dia que passa é uma chance a menos de uma criança encontrar um novo lar. É evidente, portanto, que há obstáculos para garantir a solidificação de políticas que visem a construção de um mundo melhor. Destarte, o Conselho Nacional de Justiça(CNJ) deve, por meio do Conselho Nacional de Adoção(CNA), tornar o processo de adoção menos burocrático e mais rápido, como a diminuição do tempo que a criança fica reclusa para aguardar o poder familiar, para que o número de crianças no cadastro diminua. Além disso, é necessário que os adotantes reflitam um pouco mais sobre o perfil desejado para adoção, levando em consideração os sentimentos e desejos das crianças que estão para serem adotadas.