Enviada em: 27/05/2019

O filme "Juno" mostra a trajetória de uma adolescente, a qual engravidou de maneira indesejada e encontrou um lar para seu bebê antes mesmo de ele nascer. Fora das telas, o processo de adoção não é tão simples e conta com impasses como a restrita preferência dos pais adotivos e a demora dos trâmites legais. Tudo isso traz consequências como danos psicológicos às crianças envolvidas e implicações sociais para o próprio país. Logo, medidas são necessárias para deixar o percurso adotivo mais eficiente, com vistas a tornar frequente a formação de novas famílias além das de sangue.       A princípio, é preciso refletir que, mesmo existindo um grande número de interessados em adotar, os abrigos continuam cheios de crianças. A esse respeito, segundo o Correio Braziliense, o número desses interessados é doze vezes maior que a quantidade de crianças disponíveis, porém, muitos deles têm preferências. Consequentemente, quando os pequenos fogem das exigências, sobretudo cor da pele e idade, visto que grande parte prefere bebês brancos, acabam sendo duplamente rejeitados: pela sua família de origem e pelos candidatos à adoção. Nesse cenário, as crianças crescem desamparadas e, ao completarem a maioridade, saem dos abrigos sem a menor perspectiva de futuro. Depreende-se, então, que é necessário incentivar a diversidade no ato da adoção.       Em adição a isso, é indispensável mencionar como a demora dos trâmites judiciais e a burocracia prejudica a agilidade do processo adotivo. Sob essa perspectiva, de acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Jurimetria, o tempo estimado para que uma família adote um filho pode chegar a dois anos, o que leva muitos pais a desistirem no caminho. Por conseguinte, há uma perda para o próprio Estado, pois, baseado nos estudos sociológicos de Anthony Giddens, a família é a instituição responsável pela primeira fase de socialização das crianças; é ela que ensina premissas necessárias para a vida em sociedade e começa a formar não apenas indivíduos, mas cidadãos. Nesse sentido, a ineficiência governamental torna mais difícil que elas consigam uma família e cresçam aptas a exercerem seus papéis sociais.       Fica claro, portanto, que os impasses no processo de adoção precisam ser corrigidos. Para tanto, o Ministério da Cidadania deve criar uma campanha que incentive a diversidade na escolha ao adotar. Isso pode ser feito com cartazes e publicações em redes sociais que mostrem exemplos de diferentes crianças adotadas, de modo a ampliar as preferências dos futuros pais. Ademais, cabe ao Tribunal de Justiça tornar o percurso adotivo mais ágil, por meio da criação de varas especializadas e contratação de profissionais que lidem exclusivamente com esse tema, rumo à diminuição da burocracia e tempo de espera. Assim, crianças como a do filme poderão conseguir um lar com mais facilidade.