Enviada em: 10/06/2019

A adoção está ligado a humanidade desde os seus primórdios: com costumes conectados ao divino, com único objetivo de dar continuidade ao culto doméstico para base familiar, esta que era impossibilitada, biologicamente, de ter filhos. Entretanto tal processo passou por evoluções ao longo da história, e por lei, esse procedimento, na atualidade, tem por finalidade dar para a criança uma família que possa lhe assegurar uma vida digna, porém isto, infelizmente, não é visto na prática, seja pela existência de uma sociedade que sobrevive de aparências a partir de ensaiados atos caridosos, como também pela burocracia falha do seguimento.       No período colonial brasileiro perdurou o sistema escravista, em que os melhores escravos, a partir de características específicas,  eram vendidos em feiras, como meras mercadorias para os senhores de engenho. Aliado a essa mentalidade ultrapassada, no âmbito da adoção, situações semelhantes as dos escravos ocorrem rotineiramente, no qual indivíduos aptos a serem pais procuram por crianças perfeitas, estas construídas no imaginário de uma sociedade que busca nessa fantasia camuflar suas imperfeições, por meio da exposição do seu ato "heroico", em que a criança em questão, tem papel fundamental de troféu, desprezando-se assim, sua capacidade de possuir sentimentos.       Vale ressaltar a burocracia complexa que envolve o processo de adoção, no que diz respeito a  existência de uma hierarquização dos adotantes, tendo o prestígio financeiro e social como fatores base, o que propicia, em muitos casos, uma falsa legitimação, no qual o individuo busca no ato caridoso um enaltecimento do seu status de maneira positiva, a partir  de uma divulgação coletiva em descaso do de menor, como visto no caso da "passarela da adoção" que ocorreu em um shopping localizado no estado do Mato Grosso. Tal situação despreza totalmente o psicológico da criança, que já rejeitada uma vez, tende a buscar por diversos recursos para agradar com características supérfluas, como a beleza, aqueles que irão, ou não, ser seus futuros responsáveis.       Por fim, torna-se conclusivo que existe a emergência numa reconstrução moral e social na forma como o brasileiro se dar com procedimento de adoção, com embasamento na busca pela igualdade nesse meio burocrático, a partir de uma abertura para as novas formas de famílias construídas no século XXI que tendem, majoritariamente, a buscar a adoção uma concretização da sua existência, dando ao adotado o que ele realmente necessita, em detrimento de muitas famílias tradicionais que apelam, no ato de adotar, o enaltecimento da sua imagem. Somado a isso, o Governo deve ser mais rígido com as divulgações de projetos que envolvam a legitimação de crianças, com fundamento no Estatuto da Criança e do Adolescente, este que proíbe a exposição do de menor de maneira negativa.