Enviada em: 30/07/2019

O conceito de família começou a se ampliar no século XX, e consequentemente, a adoção de crianças e adolescentes entrou no grupo de assuntos imprescindíveis do sistema legislativo brasileiro em uma tentativa de torná-lo mais popular e assim aumentar sua adesão. Infelizmente, esses esforços não foram o suficiente para alterar a maneira de pensar da população sobre estereótipos como cor da pele, gênero, idade e origem dessas crianças. Segundo dados expostos pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), o perfil mais desejado pelos pretendentes à adoção é o de crianças brancas, sem nenhum problema físico ou mental e que tenham menos de 5 anos de idade. Porém, essas características representam cerca de 5% de todos os orfanatos brasileiros e isso é uma das principais causas do déficit nas adoções. O critério rigoroso dos requerentes é reflexo de uma cultura preponderantemente racista e intolerante, que valoriza os padrões estéticos europeus e que também é despreparada para integrar pessoas com deficiências em sua rotina, negligenciando infraestruturas de acessibilidade. Desse modo, há o desencorajamento social e até familiar sobre a adoção de jovens não pertencentes à esse determinado padrão que não condiz com a realidade étnica do país, já que mais da metade da  população não é branca. Desse modo, diante do exposto, torna-se claro que a burocracia do sistema judiciário não é o único obstáculo para a adoção no Brasil, sendo o preconceito também um impeditivo nessa área. Assim sendo, o assunto necessita ser debatido entre órgãos governamentais responsáveis, como o Conselho Tutelar, e a mídia que, por ser formadora de opinião, pode ser uma importante aliada no combate à discriminação para com os órfãos e seus retratos. Somente com essa união de forças será possível, à longo prazo, a desconstrução das barreiras da perfilhação e sua consequente consolidação das novas famílias nacionais.