Enviada em: 24/08/2019

O tempo médio para adoção de crianças, de até 1 ano, no Brasil é em torno de 2 meses a 3 anos. Por isso, este processo se torna massante e doloroso para os futuros pais. Além disso, outro agravante é a aplicação por grande parte dos adotantes de algumas restrições quanto ao filho que procuram, muitos não aceitam irmãos ou crianças acima de 3 anos. Isso faz com que, estas crianças tenham que lidar com a rejeição (mais uma vez) e com o desamparo do Estado, já que ao completarem 18 anos são obrigadas a deixarem o abrigo onde cresceram. Essa realidade se torna um agrave a ser resolvido não apenas pelo poder público, mas por toda a sociedade.    Em primeiro lugar, cabe destacar a demora no processo de adoção. Devido, às filas de espera cada vez maiores somadas às preferências dos adotantes. Pois, o senso comum que é explicado pelo sociólogo Émile Durkheim como fato social, define o esteriótipo da adoção para crianças menores de 3 anos. Isso faz com que, muitas crianças mais velhas acabem por passar a vida em abrigos sem conhecer o amparo de um seio familiar. Ademais, ao completarem 18 anos esses jovens são forçados a deixarem os orfanatos pela maioridade. No entanto, com a inobservância estatal durante sua formação, muitos saem sem qualquer amparo e acabam por ficar a mercê da sociedade.      Além disso, os óbices no departamento responsável pela Vara da Infância e Juventude contribuem para a demora nos processos de adoção e na gestão desses abrigos, que sofrem com a escassez de recursos e superlotação. Portanto, de maneira análoga a filósofa Hannah Arendt em sua teoria sobre a banalidade do mal, os impasses na adoção no Brasil passaram por um processo de naturalização na sociedade, ou seja, o corpo social se adaptou a esses entraves devido a sua massificação, sendo necessário quebrar a zona de conforto criada em torno desse problema, para que a alteridade social diante desse impasse seja resgatada.       Dado o exposto, é necessário que o Estado tome providências para atenuar tal quadro. Para isso torna-se imprescindível que o Ministério da Justiça em parceria com fóruns regionais se aprimore na fluidez dos processos de adoção por meio da criação de mais departamentos específicos para esses casos, para que sejam julgados separadamente e de maneira mais rápida. Além disso, o Ministério da Educação em parceria com lares adotivos devem promover por meio de cursos de qualificação e preparatórios para vestibulares, meios para que esses jovens que não foram adotados e atingiram a maioridade, não se sentirem desamparados ao saírem dos abrigos. Por fim, que o Estado crie campanhas por meio das mídias sociais para aproximar a sociedade dessa realidade, e assim, estimular cada vez mais pessoas a praticarem este ato tão único de amor: a adoção.