Enviada em: 09/06/2019

O fim da risada?       Pablo Escobar, com certeza, é o maior exemplo de impunidade no mundo. Entre a prata e o chumbo, autoridades colombianas dobravam seus joelhos às propinas do traficante, que, quando preso, construiu a "La Catedral", onde vivera seguro, pois era escoltado por seus capangas. No Brasil, grassa essa impunidade e a sensação de justiça parece inexistir.      Ora, esse sentimento de impunidade é bem conhecido e esteve presente ao longo da história brasileira. Em colônia, era hábito lucrativo, para uns, a escravidão; enquanto, para outros, a sofreguidão. No período Regencial, o coronéis mostraram suas garras quando nomeavam seus parentes como juiz de paz; e, desse modo, poderiam agir deliberadamente contra a lei, pois, na hora do julgamento, seriam absolvidos. Atualmente, o traficante comanda o tráfico de dentro da penitenciária, enquanto Paulo Maluf, procurado pela Interpol, legisla no Congresso Nacional.       Ademais, nos dias de hoje, o esquema de corrupção fora aperfeiçoado, uma vez que os políticos sem escrúpulos manipularam o arcabouço legal com a finalidade de consagrar a impunidade. Para tanto, criaram o foro privilegiado e uma intricada rede de recursos após sentença, bem como fixaram a presunção de inocência para depois de ocorrida a prescrição. Assim, segundo Deltan Dallagnol, 97 em cada 100 processos de corrupção terminam o andamento arquivados sem a punição do criminoso.       Portanto, é necessário que o Brasil reveja a forma como administra justiça. É preciso que o Ministério Público, como defensor da sociedade, apresente projetos de lei no Congresso Nacional, com a finalidade de eliminar o foro privilegiado, e, da mesma forma, reformar os institutos da presunção de inocência e da prescrição (privilegiando aspectos punitivos). Além disso, poderia lançar também, em âmbito nacional, a campanha "Impunidade Zero". Caso não seja desse jeito, os Pablos Escobares  brasileiros continuarão impunes, rindo de quem é honesto.