Enviada em: 04/06/2018

A inclusão digital no Brasil dispõe, atualmente, de diversos obstáculos. Essa alegação pode ser ratificada mediante dados publicados pela Fundação Getúlio Vargas, os  quais evidenciam que apenas 51% dos brasileiros  têm acesso à tecnologia da comunicação, por exemplo. Nesse sentido, medidas são necessárias para modificar esse cenário, haja vista que, o acesso aos recursos digitais é muito importante para a integração do indivíduo na sociedade contemporânea. Dessa forma, percebe-se que a exclusão digital evidencia um cenário desafiador devido à negligência governamental e à educação. A princípio, precisamos notar que o descaso estatal com a democratização do acesso à tecnologia se configura como um dos desafios à efetividade dessa inclusão. Isso ocorre porque poucos recursos, como políticas públicas e verba, são destinados pelo Estado ao amplo acesso das pessoas em vulnerabilidade socioeconômica aos recursos digitais. Além disso, os altos preços cobrados por operadoras de banda larga para o acesso à internet no ambiente rural dificultam o acesso democrático a esse mecanismo: paradoxal por ser inclusivo por motivo dos avanços tecnológicos, mas excludente por causa de variáveis sociais. Logo, a negligência do Estado, ao investir minimamente nesses aspectos estruturais, colabora com a persistência dessa situação lamentável. Outrossim, por trás dessa lógica há outra questão importante: a educação tecnológica. De acordo com o escritor brasileiro Paulo Freire, sem a educação as mudanças sociais não se consolidam. Entretanto, no Brasil o ensino público sobre como usar aparatos digitais para obter informações, estudar, procurar vagas de emprego e exigir direitos constitucionais é pouco praticado. Consequentemente, em vista da contrariedade prática do que diz a Constituição Cidadã de 1988 quanto ao direito de todo cidadão à educação, surge a segregação social entre grupos inclusos digitalmente e "não inclusos", o primeiros formado por ricos e o segundo, por pobres vilipendiados em direitos. Em face do exposto, cumpre ao Congresso Nacional agregar maior percentual de investimentos à educação pública. Essa ação deverá ser realizada por intermédio de uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias, com o fim de confiar ao Ministério da Educação a elaboração de políticas públicas de ensino sobre como usar os artifícios digitais em aulas e palestras comunitárias, ministradas por professores de ciências exatas e informática, visto que, esses são os mais adequados para tal ação. Simultaneamente, o Governo deve agir, em parceria com as operadoras privadas de banda larga, em visitas às comunidades marginalizadas, como nas periferias e no campo, por meio do fornecimento de  cartilhas educacionais sobre o uso da tecnologia, e na diminuição dos preços de pacotes de internet para quem vive nesses locais a fim de que finalmente a inclusão digital supere seus obstáculos no país.