Enviada em: 31/10/2018

A partir da segunda metade do século XX, iniciou-se um período denominado Terceira Revolução Tecnológica, o que possibilitou a integração de diversos mecanismos no mundo. Entretanto, no Brasil hodierno, essa transformação gerou uma exclusão digital, em que a participação nesse cenário não é igualitária e isso evidencia a necessidade de ações para resolver esse impasse. Nessa conjectura, a hierarquização social e o poder exercido por uma minoria da população intensificam a problemática.       Em primeira análise, destaca-se que o modelo quase estamental da sociedade é um dos fatores que impossibilita a homogeneidade do acesso à tecnologia. Isso acontece devido aos produtos e serviços de qualidade estarem condicionados a elevados preços — característica do sistema capitalista — o que gera dificuldade para o acesso de indivíduos menos favorecidos economicamente. Nesse viés, segundo a ideia do filósofo Empédocles de que a falta de heterogeneidade resulta em desarmonia em uma comunidade, as desigualdades de oportunidades excluem uma parcela das pessoas do contexto tecnológico e, portanto, impõe a condição financeira como obstáculo ao seu acesso, como também contribui para a permanência de uma patologia social contemporânea: a segregação digital.      Ademais, ressalta-se que a hegemonia de um pequeno contingente populacional é hostil às tentativas de inclusão. Nesse sentido, em um país inserido na era da transmissão instantânea de dados por meios digitais, uma maior incorporação nesse ambiente significa mais acesso à informação para a população e, consequentemente, melhor entendimento da realidade. Tal mudança, é uma ameaça ao sistema de controle de massa baseado na alienação e desinformação utilizado, por exemplo, pelos empresários. Dessa forma, de acordo com a teoria foucaultiana de doutrinamento do conhecimento em que supostas verdades são utilizadas para a dominação, os grupos hegemônicos difundem a falsa ideia de que há uma proposta efetiva de universalização da tecnologia para que os excluídos não percebam seus verdadeiros objetivos e se organizem para mudar esse cenário.        Urge, portanto, que intervenções sejam realizadas para solver a problemática. Mormente, cabe ao Poder Legislativo, responsável pela elaboração das diretrizes jurídicas, garantir o acesso às tecnologias para os cidadãos em vulnerabilidade econômica, por meio de uma lei que determine preços reduzidos para produtos e serviços tenológicos para quem comprovar baixa renda. Desse modo, o objetivo e impedir que a hierarquização social promova a segregação digital. Paralelamente, as prefeituras devem generalizar o acesso à informação virtual, por intermédio da disponibilização de locais públicos de acesso à internet. Assim, será possível reduzir a limitação imposta pelos grupos hegemônicos e possibilitar maior esclarecimento da realidade para os brasileiros segredados tecnologicamente.