Enviada em: 01/11/2018

O desenvolvimento dos meios de comunicação foi responsável por uma revolução no modo de vida dos indivíduos no século XX, principalmente após as inovações surgidas no período da 2ª Guerra Mundial. Hodiernamente, a efeito da globalização, as tecnologias se tornaram mais integradas e o âmbito comunicativo ainda mais dinâmico. Todavia, no Brasil a distribuição deficitária de recursos para o acesso tecnológico e os efeitos da imersão social irracional nas redes de comunicação caracterizam um impasse para uma inclusão digital efetiva e precisam ser discutidos.       Em primeiro plano, destaca-se que a concentração de tecnologias em determinadas regiões do país é um fato histórico, desenvolvido durante a ascensão industrial, que privilegiou o sudeste em detrimento das demais áreas da federação devido à hegemonia econômica dos paulistas e mineiros à época. Esse aspecto reflete negativamente na atual distribuição de recursos digitais uma vez que a descentralização tecnológica não alcança todo o território brasileiro. Nessa conjectura, cria-se um cenário de segregação socioespacial baseado no grau de desenvolvimento regional que, por sua vez, é acentuado pela inoperância Estatal no que concerne ao estabelecimento de políticas de ampliação de acessibilidade aos meios digitais para população.         Em segundo plano, ressalta-se que, a imersão da sociedade no novo espectro de redes comunicativas pode ocasionar um retrocesso das relações interpessoais se realizada incontroladamente. Em consonância à afirmação do filósofo Jaak Bosmans de que a globalização encurtou distâncias métricas e acentuou as distâncias afetivas, destaca-se que o consumo das inovações digitais pode ser responsável por um cenário de desvinculação afetiva generalizada. Assim, é necessário que a transição para o âmbito digital seja realizada por meio de um acompanhamento crítico da população no que tange aos seus impactos negativos para as relações sociais.        Urge, portanto, que ações sejam realizadas para superar a problemática. Mormente, compete ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) realizar uma política de fomento ao estabelecimento de indústrias e empresas de comunicação nas regiões que ainda não foram alcançadas por esses projetos, a fim de ampliar as condições de acesso tecnológico aos habitantes dessas áreas. Paralelamente, cabe ao Ministério da Saúde, em consonância ao Ministério da Educação, veicular informações acerca dos prejuízos do uso exacerbado dos aparelhos digitais, por meio de palestras em escolas e de campanhas televisivas, com o fito de promover um acompanhamento social dos efeitos sociais gerados pela ampliação tecnológica. Dessa forma, talvez seja possível realizar uma inclusão digital efetiva no Brasil.