Enviada em: 09/10/2017

Nas cidades gregas antigas, a ágora era o espaço destinado ao exercício da democracia, promovendo o debate social e a legitimação da cidadania. No entanto, o cenário do século XXI traz o mundo digital com essa função de integrar os cidadãos e fomentar a expressão, caracterizando um importante meio de inclusão. Dessa forma, é indubitável que o panorama brasileiro necessita pleitear a inclusão digital, esfera indispensável para assegurar o regime democrático e a liberdade de pensamento. Em primeira instância, é preciso destacar a relevância do ciberespaço na sociedade. Sabe-se que a tecnologia é cada vez mais presente na vida cotidiana: seja para fazer compras, estudar à distância, desfrutar lazer, marcar uma consulta médica ou expressar opiniões nas redes sociais, tal ferramenta é a nova forma de realizar atividades e se expressar. Não obstante, dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2016 mostraram que o Brasil tem só 51,2% da população no espaço cibernético, evidenciando o problema de democratização desse meio. Sob essa conjectura, convém analisar os empecilhos acerca da inclusão digital, deixando nítido que existem barreiras sociais. É inteligível que regiões mais pobres e populações de baixa renda têm o desafio para conquistar a conectividade, visto que as menores taxas de inclusão digital da FGV convergem para esse público, quase sempre ausente de recursos, estrutura ou de incentivos governamentais. Assim, se conectar torna-se um privilégio pouco presente nas classes média e baixa. Ademais, apenas 0,6% das escolas públicas têm suporte para oferecer práticas de informática de acordo com o Censo 2011, demonstrando a dificuldade da inclusão virtual também nas escolas. Mediante o exposto, a questão do acesso aos meios digitais deve ser de suma importância nas políticas nacionais. Para isso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicação deve instituir que as prefeituras dos lugares mais carentes utilizem parte da verba para promover Telecentros, com função de espaços públicos destinados à cursos básicos de computação e acesso gratuito à internet para todos. Aliado à isso, é imprescindível que o Ministério da Educação determine a construção de salas de informática e contrate professores da área em todas as escolas públicas, com verba municipal e estatal, promovendo assim, habilidades do meio tecnológico para crianças e adolescentes de todo o Brasil. Destarte, a ágora no mundo digital será inclusiva para todos.