Enviada em: 27/03/2019

Cazuza, cantor e compositor brasileiro, dizia em sua célebre música "O Tempo Não Para" que o futuro estaria, quase sempre, repetindo o passado nos âmbitos sociais. Analogamente, no que tange ao fortalecimento da intolerância e do discurso de ódio em tempo hodiernos, observa-se que tal problemática é um impasse com raízes históricas, a julgar pelo episódio de formação do Brasil sob os conceitos eurocêntricos. Nesse ínterim, existem fatores que merecem destaque como fomentadores dos crescentes atos intolerantes no território brasileiro, tais quais: os lapsos educacionais e a omissão midiática em relação à abordagem do assunto.        Em primeira análise, é sabido que o processo de formação do Brasil se deu, principalmente, sob o domínio de um povo sob outro, por meio de práticas violentas e xenofóbicas, o que resultou, hoje, na justificativa de grande parte dos atos intolerantes. Entretanto, parafraseando a ideologia de Hellen Keller de que um dos resultados mais sublimes da educação é a tolerância, observa-se que os discursos de ódio contra grupos mais ínfimos é produto das falhas na educação pública do Brasil, visto que tal instituição é considerada libertadora de doutrinas preconceituosas, mas acaba corroborando, indiretamente, com a permanência de tais manifestações, cujas consequências são as desacelerações dos progressos sociais no país.        Em segunda instância, somada à problemática educacional, a mídia, principal ferramenta de persuasão do presente século, se omite em tratar o quesito das causas e consequências dos pensamentos intolerantes e, quando existe essa omissão, o debate não vem à tona, exemplificando a teoria platônica do Mito da Caverna de que alguns presos acorrentados em uma caverna estavam à mercê das sombras do mundo exterior, sem questionarem a causa de tal cenário. Por conseguinte, os indivíduos permanecem com a linha de pesamento que receberam do senso comum, ainda que tal linha de pensamento seja exemplos de ideologias discriminatórias.        É imprescindível, portanto, que medidas sejam tomadas para que as práticas violentas contra grupos de minoria social sejam reduzidas. Para tanto, urge que o Governo Federal, em parceria, com o Ministério da Educação, promova, em escolas de nível básico, oficinas de debates mensais acerca das causas e consequências de tais condutas. Isso poderá ser feito com a promoção direta do contato entre alunos, psicólogos e professores da área de humanas, por meio do uso de linguagem de fácil compreensão pelo público, com a apresentação de estudos e relatos de vítimas, além da apresentação de dados históricos. Assim, o Brasil poderá acelerar os progressos sociais e tonar os indivíduos mais indulgentes, posto que só não se repete o passado quando sabe-se, integralmente, sobre ele.