Enviada em: 08/06/2019

No famoso desenho animado "Pica-Pau", o protagonista possui uma conduta heroica diferente dos outros desenhos, ao invés de ser um heroísmo pautado apenas na justiça, o personagem se utiliza, por baixo de seus feitos heroicos, de discursos de ódio, reforços de preconceitos, além de incitar o bullying em todo esse contexto. Saindo do universo animado e partindo para uma análise no contexto "real" o preconceito e a discriminação são incutidos em diversas formas de discurso de ódio, seja mascarado ou não, a intolerância contra minorias é algo que está intrínseco a sociedade. Dessa forma, é importante analisar quais os geradores da perpetuação de tais comportamentos na população.   Analisa-se, de início, que os fatores primordiais para a manutenção de tal problemática residem em uma sociedade que possui incapacidade crescente em cultura de lidar com as diferenças e na falta do exercício de alteridade. É notório a falta de respeito e tolerância com grupos sociais que reivindicam seus direitos, sendo essa parte da população carente de visibilidade e apoio governamental a sua causa. Desse modo, muitas pessoas utilizam dessa fragilidade, para espalhar discursos de ódio que difamam e caluniam tais minorias. Sendo assim, o discurso de ódio, ultrapassa os limites do bom-senso tendo em vista que tem como finalidade promover a violência, a discriminação ou o preconceito em detrimento de um grupo ou classe de pessoas em razão das características inerentes do ser humano.     Pontua-se, ainda, que há uma grande falha educacional no estímulo ao diálogo, que contribui para uma sociedade cada vez mais intolerante e abusiva. Segundo o filósofo e educador Paulo Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno, ou seja, isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. Porém, o que se tem nas salas de aula, são crianças dominadas por um sistema preconceituoso e intransigente, que não os incitam há um diálogo aberto, livre de preconceitos e discursos de ódio. Tal situação faz com que não haja o exercício da alteridade, pois o problema está inserido desde a formação de crianças, que se moldam pelo que lhe fora ensinado.   Compreende-se, portanto, que ações devem ser feitas em prol de uma sociedade mais tolerante. Assim, urge que o Poder Legislativo imprima leis que multem e imponham pessoas com discursos de ódio a participarem de aulas e palestras que as façam refletir o poder do respeito e da consideração pelo outro. Outro fator coadjuvante é que o Ministério da Educação promova um maior exercício de cidadania, sendo necessário que professores e crianças tenham um maior diálogo sobre questões da sociedade em geral, trabalhando assim, na singularidade de cada pessoa para promoção de uma sociedade mais igualitária. Afastando-se, desse maneira, do "heroísmo" insustentável do Pica- Pau.