Desde que Sérgio Buarque de Holanda publicou em seu livro "Raízes do Brasil" o conceito de "homem cordial", tal expressão passou a ser usada para se referir aos brasileiros dotados de virtudes como hospitalidade e generosidade. Porém, na verdade, a ideia de cordialidade não mais condiz com a realidade brasileira, que convive com graves discursos de ódio contra grupos que não se encaixam nos padrões sociais estabelecidos. A princípio, é necessário fazer um panorama dos problemas dos discursos de ódio. A potencialidade dos preconceitos disseminados pelos discursos é tamanha que pode provocar abalos psicológicos e também o isolamento social das pessoas vítimas de tais práticas. E essa intolerância pelo que é diferente causa também a formação de esteriótipos de ódio na sociedade que faz o preconceito se naturalizar e disseminar como prática comum. Além disso, há fatores que empatam a resolução dessas questões de ódio. A principal, sem dúvidas,, é a falta de diálogos consistentes na sociedade, pois como afirma o filósofo Habermas como o seu conceito de “ética da discussão”, os indivíduos não procuram dialogar para chegar a uma evolução coletiva, mas apenas para convencer o interlocutor de sua visão de mundo. A falta de interação leva as pessoas à falta de empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, justamente o que falta aos propagadores dos discursos intolerantes que se juntam, sobretudo por meio das redes sociais, para potencializar o ódio contra as minorias. Portanto, medidas são necessárias para a resolução efetiva de tais questões. O Ministério da Educação em parceria com artistas e representantes das minorias podem organizar palestras e debates nas escolas a fim de aumentar a visibilidade dos grupos atingidos pelos discursos odiosos de modo a exercitar a alteridade dentro dos grupos sociais e dialogarem para, como disse Habermas, evoluírem juntos e não apenas para convencer o interlocutor. Deste modo, então, será possível dizer, definitivamente, que o brasileiro é um ser cordial.