Enviada em: 16/06/2019

Crianças, adolescentes, diferenças de gênero, religiões afrodescendentes, pessoas em situação de rua, comunidades indígenas, são alguns dos alvos mais vulneráveis da sociedade. Não obstante, a violação dos direitos humanos desses grupos incontáveis vezes são noticiados e justificados por um apelo religioso fundamentalista, por desconhecimento da cultura e história do país e até mesmo pela ausência de uma visão mais sensível e humanística da juridicidade brasileira.       Em primeira análise, ressalta-se a falta de conhecimento ou negação da importância do negro e do indígena em mais de 50% na constituição das raízes brasileiras, segundo o IBGE, o que gera opressão, preconceito e discriminação. Nesse contexto, apesar da riqueza e pluralidade cultural afrodescendentes, os quais marcam hábitos nos costumes do brasileiro, são compreendidas, sobretudo em seus ritos, cantos e sincretismo religioso, como diabólicos. Desse modo, a incitação ao ódio e à violência tomam ainda mais forma e força na era digital, como o caso de Fabiane que teve sua imagem associada a sequestros de crianças para rituais de magia negra e foi morta por populares, em maio de 2014.       Ademais, observa-se que o fundamentalismo e o conservadorismo da religião e dos pensamentos alcançam até mesmo a produção e a divulgação literária. Não à toa poetas como Bruno de Menezes, os quais exaltaram o negro em trechos como "Rufa o batuque na cadência alucinante", possuem pouca representatividade, apesar de se constituir como o maior propagador do modernismo por meio da obra poética e da defesa da nova estética em revistas e jornais. Além disso, é notável na juridicidade brasileira a parcialidade com que casos, como o do menino Rhuan morto por um casal homossexual em maio de 2019, são abordados, uma vez que somente recebem grande visibilidade para geração de inquietudes e cobranças sociais quando associados a interesses político-partidários.       Evidenciam-se, portanto, complexos contextos de intolerância às minorias. Para que essa problemática seja de fato minimizada, urge a necessidade de maior esclarecimento das classes sociais acerca da cultura popular e própria história - em escolas, igrejas, universidades, comunidades - por meio de rodas de conversas, palestras, vídeos com histórias reais, orientados por profissionais e entidades engajadas com o direito humano universal, bem como a divulgação e o controle de informações por órgãos de segurança e inteligência nos meios virtuais e de um ensino religioso sem vieses, garantidos por uma jurisprudência imparcial e equânime. Assim, possibilitariam um melhor equilíbrio às liberdades de expressão e respeito alheio.