Enviada em: 08/10/2017

No contexto do século XXI, a intolerância na internet se mostra um problema latente. Sabe-se que essa prática pode ascender grupos que propagam a violação dos direitos humanos. Cabe analisar, portanto, quais motivações têm levado ao crescimento do mau uso das redes virtuais em favor do ódio e do preconceito.    É pertinente ressaltar, antes de tudo, o papel da própria internet como promovedora dessas atitudes. Para Rousseau, “o homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado”. Embora faça sentido, a afirmação do filósofo não se justifica, pois é o limite entre liberdade e moralidade que garante a paz social. Seguindo essa linha de pensamento, é possível observar que, na internet, a liberdade da sensação de anonimato promove o crescimento de comportamentos preconceituosos, como atesta o crescimento de denúncias concomitante ao crescimento do acesso às redes sociais. Assim, deve-se aumentar a moral online para evitar o crescimento da intolerância.    Além da sensação de anonimato, é possível figurar a importância das bolhas virtuais. Em 2016 a Universidade de Oxford elegeu o neologismo “pós-verdade” como a palavra do ano. Ela retrata um momento em que as crenças pessoais moldam mais a opinião que os fatos objetivos. O Facebook, por sua vez, através do histórico de atividade do indivíduo traz mais informações que confirmam o próprio ponto de vista, isolando-o em um ambiente restrito e reduzindo o alcance de ideias divergentes. Assim, ao entrar novamente em contato com o contraditório, tem-se como resultado o ódio deliberado entre duas bolhas diferentes.    Torna-se evidente, portanto, que o excesso de liberdade somado à ilusão de conhecimento resultam em ódio e intolerância nas redes sociais. Para frear tal problemática, o Governo Federal, como órgão competente, deveria ampliar e revitalizar as delegacias especializadas em crimes virtuais, por meio da realocação de recursos públicos, para coibir a sensação de impunidade na online. Ademais, cabe a mídia, na função de formadora de opinião, levantar o debate sobre a questão das bolhas virtuais e da aversão ao contraditório, na forma de ficção engajada ou reportagem, haja vista que tais métodos possuem ampla repercussão social, expondo as consequências dessa intolerância, a fim de que as pessoas propaguem o respeito aos direitos humanos como valor.