Enviada em: 31/10/2017

O discurso de ódio se evidencia quando um indivíduo faz uso de sua liberdade de expressão para denegrir ou desrespeitar os costumes e a opinião do outro. Nesse sentido, observa-se que a presença de práticas semelhantes na sociedade tem sido cada vez mais comum, seja pelo meio favorável à disseminação de ódio concedido pela internet ou pela falta de respeito à opinião alheia.    A princípio, a ascensão da internet e posteriormente das redes sociais foi responsável por melhorar, inegavelmente, a qualidade de vida da população, com a rapidez e proximidade proporcionadas nesse meio. No entanto, o pretensioso anonimato e a confortável reclusão atrás de uma tela contribuem diretamente com a propagação de atitudes intolerantes e discriminatórias, visto que é passada uma sensação de impunidade e de que tal atitude não surtirá em alguma consequência. Em pesquisa feita recentemente pelo jornal O Globo, por exemplo, ao analisar três mil posts na internet, comprovou-se que 84% deles continham manifestações de ódio e preconceito, evidenciando o dimensionamento que essa problemática tomou no meio virtual.   Além disso, é válido ressaltar, também, a forma desrespeitosa como a sociedade tem tratado a opinião do outro no mundo hodierno. Seja sobre a esfera política, religiosa ou social, discussões em que a diversidade de convicções é presente são cada vez mais marcadas pela intolerância acerca dos diferentes pontos de vista apontados. Dessa forma, diferente do século passado – nos anos de ditadura vargas e militar - quando a liberdade de expressão era coibida pelo Estado, hoje, com a permissão da livre expressividade, ela acaba sendo limitada pela própria sociedade. Em linhas gerais, confirmando a teoria do escritor Sérgio Buarque de Holanda: a tese do brasileiro como ‘’homem cordial’’, que se prende ao individualismo, em detrimento da compreensão da sociedade como uma esfera pública e impessoal, em que diferentes posicionamentos não devem ser motivo de manifestações ofensivas.          Nessa perspectiva, para diminuir o discurso de ódio entre a população, mostra-se, portanto, necessária uma ação conjunta entre Estado e escola. Para tanto, cabe à Agência de Autorregulamentação da Internet (ANARNET) criar um setor especializado em fiscalizar publicações no meio virtual, através da criação de falsos perfis que auxiliariam as autoridades a adentrar de forma facilitada nesse meio; aos infratores, seria estipulada pena de acordo com o conteúdo da postagem. Ademais, às instituições de ensino compete a criação do projeto ‘’Família na escola’’, no qual os familiares seriam convidados, mensalmente, a participar de palestras, em que se discutiriam temas como tolerância e respeito à opinião do outro, sendo dada aos alunos a tarefa de escolha e apresentação do tema, objetivando, com isso, diminuir as manifestações de ódio na sociedade.