Enviada em: 24/10/2017

Para o psicanalista Freud, o homem é um ser agressivo por natureza, entretanto, trocou sua hostilidade instintiva por segurança ao se submeter à organização social. Todavia, esse instinto reprimido encontra nas redes sociais – ambiente no qual as normas sociais e jurídicas não se aplicam com eficácia – um meio para se manifestar na forma de discursos de ódio sem se preocupar com as consequências.      Na visão aristotélica, longe da lei e da justiça, o homem é o pior animal de todos. Analogamente, ao se deparar com um universo sem efetividade de leis, no conforto de sua residência e sob o anonimato propiciado pela internet, o indivíduo se sente seguro para disseminar suas ideologias e expor seus preconceitos. Contudo, fica evidente que culpabilizar as redes sociais por essa problemática é irracional, haja vista que ela apenas revela o ódio e a intolerância entranhados na sociedade.    Outrossim, tem se observado, no que tange ao âmbito das redes sociais brasileiras, um aumento alarmante na ocorrência dessas atitudes animalescas. A ONG safernet coletou dados do período entre 2010 e 2013 e apontou um aumento de 200% no número de denúncias a páginas com discursos intolerantes. Segundo a pesquisa, o conteúdo divulgado por esses sites ia desde racismo à apologia ao nazismo, evidenciando uma necessidade de intervenção social e judicial afim de coibir a propagação dessas concepções.      Cabe, portanto, ao Ministério da Justiça tratar com maior seriedade a manifestação de discursos de ódio nas redes sociais. Para tal, dar-se-á necessário a criação de mais delegacias especializadas na fiscalização de conteúdos compartilhados no meio digital e o aumento das penas para crimes nessa esfera. Por sua vez, também é imprescindível uma parceria entre o Ministério da Educação e os veículos midiáticos para conceber campanhas nas escolas, TV, rádios e principalmente nas redes sociais, que visem estimular denúncias a publicações de cunho intolerante. Ademais, essas campanhas podem fomentar o raciocínio crítico dos cidadãos com o intuito de reprimir qualquer hostilidade irracional advinda da natureza humana. Com essas medidas, será possível tornar a internet um ambiente sadio, virtuoso e tolerante às diversidades.