Enviada em: 30/10/2017

As sucessivas Revoluções Industriais e matematização do tempo criaram novas organizações sociais. Nesse contexto, a internet, fruto do acúmulo tecnológico, deixou de se a tempos somente um meio de comunicação e, hodiernamente, é um espaço construído coletivamente, que, facilita a integração social. Entretanto, muitos usuários se apropriam desse espaço para disseminar discursos de ódio e manifestar suas ideologias, difundindo comportamentos que ferem os direitos humanos. Desse modo, cabe avaliar até que ponto o uso das redes é saudável e causa impactos positivos.        Em uma primeira abordagem, é válido sinalizar que o mundo não se livrou das amarras da exclusão. A partir da organização dos indivíduos como sociedade, muitos, considerando-se no direito de apropriar das demais culturas, formaram hierarquias e, a partir delas, exerceram seu domínio. Fato comprovado, por exemplo, pela historicidade brasileira, dominada pela superioridade europeia. Tempos depois, infelizmente, isso não mudou, pois, em pleno século XXI, a manutenção de estruturas hierarquizadas e formas de pensamento, usam as redes sociais para expor suas ideias, que, na maioria das vezes, é conduzida pelo ódio. Tal fato, além de promover a exclusão, conforme supracitado, abre as portas para a continuidade das diversas formas de domínio e, as minorias, excluídas historicamente, são os maiores alvos desses ataques.        Para Jean Paul Sartre, “a violência, seja ela qual for a forma que se manifesta, é sempre uma derrota”. Dessa forma, o anonimato gerado pelo ambiente cibernético, configura um agravo, ou seja, a facilidade ao acesso e, também, por ser um espaço coletivo, dificulta a identificação dos usuários, formando um ciclo interminável de ofensas. Além do mais, a ineficiência do Estado, que omite sua participação a fim de apurar os casos, é outro atraso. Esse fato, causa extrema decepção e constrangimento às vítimas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem recorrer.        Em suma, é preciso mais que um belo discurso para erradicar o estigma da agressão motivado pelo ódio. É dever do Estado proteger as vítimas contra os ataques, criando leis específicas e punindo severamente os agentes. Ainda, é importante divulgar campanhas contra discursos que ferem os direitos de minorias por meio de debates, por exemplo. Ademais, à família, instituição de convívio social permanente, cabe orientar seus filhos sobre o assunto, no intuito de que os cidadãos convivam harmoniosamente a violência, conforme citou Sartre, seja, de fato, uma derrota.