Enviada em: 01/11/2017

A liberdade de expressar-se no Brasil é um direito constitucional cujos limites são determinados por lei. Assim, a liberdade é abrangente, mas não absoluta. A despeito disso, o abuso da liberdade de expressão, marcado pela confusão acerca do limiar que a separa do chamado "discurso de ódio", caracterizado por ataques preconceituosos à minorias, é comum no país. Esse tipo de comportamento é amplificado na redes sociais, em que o aparente anonimato e a formação de bolhas sociais desfavorece o diálogo com o diferente e não raramente impulsiona atitudes e intolerantes.         Conscientes dessa situação, diversas entidades brasileiras têm criado alternativas para combater a intolerância no ambiente virtual. Destacam-se os aplicativos para detecção de postagens ofensivas e os canais de denúncia. Em outros países, como a Suíça, a responsabilização das redes sociais pela prevenção de crimes virtuais já é realidade.         Entretanto, mais do que punir, é fundamental entender o perfil do agressor e enxergar o discurso de ódio como uma doença social também para estas pessoas. Em tempos de individualismo e sensação de não pertencimento, as redes sociais fornecem o ambiente ideal para o sujeito excluído da sociedade encontrar seus indivíduos na mesma situação. Nesses casos, a vítima é mais uma pessoa sobre a qual recaem as culpas da sociedade do que um alvo por suas características. O agressor é, guardadas as devidas proporções, similar à Alemanha nazista, que tornou-se intolerante e criminosa após ser assolada pelo Tratado de Versalhes.         Dessa forma, é possível concluir que existe um movimento de apoio às vítimas da intolerância nas redes sociais e mecanismos de punição para os agressores. Todavia, essa atitude não é suficiente para modificar o cenário atual, e um caminho para minimizar os danos é focar também no agressor. Com esse propósito, compete a gestão pública identificar e fornecer assistência psicológica ao agressor.  De forma complementar, ONGs podem fazer campanhas em prol da formação social e desenvolvimento da empatia nesses sujeitos.