Em meio a crise financeira vivenciada recentemente pelo Brasil, um dos poucos mercados que não sofreu retração foi o da beleza. Isso porque, mesmo em tempos de recessão econômica, grande parte da população continuou a dar prioridade aos produtos e serviços relacionados a esse setor. Tal contexto revela que de fato, cada vez mais, a aparência física tem sido cultuada na sociedade, de modo que as pessoas tornam-se escravas, tentando a todo custo encaixar-se nos padrões existentes. Pois bem, em se tratando de custo, cabe mencionar o lucro que essa busca incessante pela forma ideal tem gerado para a indústria da beleza. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, na atual configuração social, as pessoas perderam o título de cidadãos e ganharam o título de consumidores. Diante disso, é conveniente para alguns ter a beleza como mercadoria, estimulando via mídia a padronização da forma física, dialogando com a insegurança e desejo de aceitação que o ser humano naturalmente possui, e dessa forma, tornando-o refém desse mercado. Além disso, é válido ressaltar que o público feminino é o que mais sofre com a opressão da aparência perfeita. Realmente, como afirma a cantora norte americana Beyonce em uma de suas canções - a beleza dói - e dói principalmente para as mulheres que desde a Antiguidade tem seus corpos vistos como objetos, havendo sobre elas a permanente obrigação de agradar e encantar a todos. Soma-se a isso, o peso das campanhas publicitárias e diversos meios de comunicação, sempre exibindo corpos esculturais e rostos "fotoshopados" , mostrando um tipo de belo impossível de ser alcançado pela maioria da população. Formula-se assim, uma lógica ilógica em que todos precisam seguir o padrão de poucos. Perante tal panorama em que a obsessão pela forma física tem sido instrumento de opressão social, medidas precisam ser tomados. Seria interessante se o Poder Legislativo formulasse leis que proibissem o uso do "fotoshop" em imagens publicitárias, revistas, etc, medida adotada por diversos países europeus que visa inibir a veiculação de fotos manipuladas que transmitem uma falsa ideia de perfeição enganando o público. Além disso, é de grande valia a atuação do Terceiro Setor, promovendo palestras em academias de ginástica, para profissionais da saúde conscientizarem os frequentadores acerca da importância de se obter bem estar físico e psíquico, em detrimento de uma busca ilusória por padrões estéticos.