A citação latina traduzida "mente sã, corpo são'' significa saúde física e mental bem fortalecida. Hoje, porém, o que se percebe, muitas vezes, são mentes problemáticas e corpos que evidenciam a gravidade dessa insanidade, como resultados de uma sociedade de consumo que vende padrões estéticos inatingíveis. Por isso, combater a estigmatização das pessoas é fundamental. Do ponto de vista histórico, nos períodos colonial e imperial, uma minoria dos escravos conseguia enriquecer, comprava sua liberdade e tornava-se um cidadão menos desprezado. Contudo, para se sentirem plenamente integrados à sociedade, muitos deles, sobretudo as mulheres, utilizavam pó de arroz na pele, a fim de clareá-la. Isso demonstra a falta de autoaceitação étnico-cultural do indivíduo, em virtude da imposição ideológica da suposta superioridade da raça branca. Na contemporaneidade, essa moldagem de características físicas respalda-se, por exemplo, no excesso de cirurgias plásticas visando um resultado impossível, como fez o brasileiro Celso Pereira Santibañez Borges, vulgo ''Ken humano'', obcecado pelo boneco da linha ''Barbie''. Consequentemente, agravam-se os danos psicológicos, pois, como esses indivíduos não conseguem alcançar o que acreditam ser a perfeição corporal, tornam-se escravos dos ditames midiáticos da moda e muitos desenvolvem ansiedade e autorrejeição, que podem levá-los a um quadro clínico de depressão. Isso é corroborado, inclusive, pela atriz Lua Blanco, em seu canal no ''Youtube'', onde aponta que a própria televisão escraviza os cidadãos ao atraí-los para essa ditadura da beleza, inalcançável, na qual eles se imaginam esteticamente semelhantes aos personagens e apresentadores. Dessa forma, eles buscam a adequação visual a todo custo, mesmo que nunca a consigam, pois cada pessoa possui suas particularidades físicas que a distinguem dos outros e a tornam ímpar. Sob a ótica do filósofo Immanuel Kant, o homem é aquilo que a educação faz dele. Portanto, é imprescindível que as escolas, públicas e privadas, promovam debates informacionais, com psicólogos, alunos e suas famílias, no objetivo de discutirem os malefícios do culto ao corpo, como a frustração e a desvalorização pessoal, e incentivarem a autoadmiração pelos próprios aspectos físicos e pela beleza interior. Além disso, é válido também que as emissoras de TV exibam alguns atores, durante horários livres, fomentando os telespectadores a cuidarem das saúdes física e mental e a vangloriarem suas características naturais, sem copiar modelos previamente estabelecidos e homogêneos, tidos como os mais agradáveis socialmente.