Enviada em: 09/05/2018

Em 1922, após a Semana de Arte Moderna, a elite paulistana questionava se haveria limites a serem impostos no mundo das artes. Relacionavam-se o conceito de arte, de moralidade, de cultura. Quase um século depois, a exposição artística Queer Museu, em Porto Alegre, trouxe novamente à tona aspectos estudados por diversas áreas do conhecimento, antes desses movimentos vanguardistas.       A filosofia e sociologia conceituam a arte como manifestação intelectual, em diversas formas, de determinada sociedade em um espaço temporal. Entende-se nesse conceito que a arte evolui com o tempo e as mudanças sociais. Movimentos artísticos iconoclastas para uma época, tempos depois foram aceitos e reconhecidos pela sociedade que as consomem. Esta consolidou-se com a passagem dos tempos como elitista. O que se sobressai com o estudo da história da arte é que o surgimento de uma nova estética caracteriza-se por artistas revolucionários que frequentemente tiveram suas obras menosprezadas, perseguidas, destruídas, censuradas.        Sendo a arte uma expressão cultural, a classificação daquela como imoral e, portanto, sensível à limites, merece atenção. Juristas, ao definir ética e moral, afirmam que a caracterização de um ato como imoral vincula-se ao cidadão. Uma instalação artística com homens nus em bolhas transparentes é imoral para alguns, mas é  arte que não fere a moral para outros.       Contudo, o que não se pode ignorar é a exposição de estética artística revolucionária para indivíduos que não tenham maturidade ou ciência do ideal daquela obra. A exposição, em território gaúcho, apresentou como uma das polêmicas a presença de um público infantil que não estaria pronto para diferenciar uma crítica de uma apologia.         Dessarte, o Estado precisa criar e regulamentar Leis para especificação de faixa etária indicativa e relação de temática do espetáculo, como já ocorrem no cinema, teatro e eventos musicais. Os Ministérios da Educação e Cultura devem investir e incentivar projetos, em diversos espaços, que abordem o conceito e história da arte, legislação aplicada, moral e ética nas artes, além de cultura erudita e popular. Isso para que a arte não seja deturpada por uma parcela da sociedade com a imposição de limites e censura. A sociedade do século XXI não pode e não precisa portar-se como a burguesia cafeeira paulista que jogou ovos e tomates em artistas que externalizaram sentimentos e atitudes escondidas do cotidiano da sociedade.