Enviada em: 13/05/2018

A natureza livre da dialética artística     Para Thomas Khun, filósofo estadunidense, o conhecimento progride por meio de rupturas. Dessa maneira, o que move o saber é a dialética existente entre os paradigmas e as novas ideias iminentes. Com o advento da globalização e a permissibilidade de discussões ultra fronteiriças, esse processo tem se intensificado no campo das artes plásticas, com a quebra de arquétipos sociais como fito das obras de arte. No entanto, a imposição de limites à essas abordagens faz com que haja a perda do caráter intrínseco da arte: a pura dialética das questões sociais.       Marcel Duchamp, pintor e escultor francês da vertente dadaísta, afirmava que o grande artista é aquele que vai para o subterrâneo. Metaforicamente, Duchamp aponta a necessidade de promover uma arte que espante, que abale estruturas vigentes, inovando e incorporando cada vez mais novas formas de expressão. Permite-se assim a superação sucessiva de preconceitos e padrões e o estabelecimento de um processo cíclico de conhecimento através das mais diversas formas de manifestação artística.      Porém,a implementação de limites para a arte caracteriza a perda de identidade da atividade, retirando seu sentido e finalidade. O cerceamento dos temas e discussões dentro das obras fazem com que prolifere a ausência de reflexão, de educação, de criatividade e de liberdade de expressão aos indivíduos, sendo extremamente prejudicial à cultura e ao saber da humanidade. Ademais, é importante ressaltar que a promoção de uma classificação indicativa nas amostras e em eventos artísticos não anula seus objetivos e essências, sendo necessária para adequar o público espectador.      Dessa maneira, requer-se que o Estado promova o retorno da obrigatoriedade do ensino de Artes nas escolas públicas e privadas do Brasil, por meio de etapas de conhecimento artísticos de uma maneira didática e adequada a cada faixa etária, associadas a estrutura nas instituições escolares que permita tal experiência, como laboratório de artes com materiais e livros, além de verbas para excursões a museus e realização de amostras artísticas no espaço escolar. Por meio dessa ação, cada vez mais artistas que vão para o subterrâneo crescerão na sociedade brasileira, contribuindo para uma nação menos pragmática e preconceituosa.