Enviada em: 24/07/2018

Durante a exposição de arte moderna no Brasil, Monteiro Lobato fez duras críticas às obras de Anita Malfatti ao chamá-las de estrábicas e paranoicas. Essas considerações feitas pelo autor foram geradas,sobretudo, pela sua incompreensão diante do novo. Hodiernamente, a insipiência e o conservadorismo perante o diferente ainda persistem, e originam discussões acaloradas relativas aos possíveis limites da arte.      Exposto isso, averigua-se que o tradicionalismo citado anteriormente mostrou-se evidente na mentalidade de muitos brasileiros recentemente. Por meio  de manifestações, alguns internautas e participantes do Movimento Brasil Livre (MBL), levaram ao fechamento da exposição ¨Queermuseu- Cartografias da Diferença na Arte Brasileira¨ , ao defenderem a existência de obras com conteúdos pedofílicos e zoofílicos. Entretanto, análises do Ministério Público refutaram  as acusações feitas pelos internautas e mostraram um grande retrocesso na sociedade brasileira: a censura concernente à liberdade de expressão e criação.     Nesse contexto, em que muitos indivíduos discutem e atacam determinados modelos de arte, um dado aponta o desconhecimento de parcela significativa da população diante daquilo que critica. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(IPEA), cerca de 70% dos cidadãos nunca,sequer, foram a um museu ou centro cultural . Realidade que explica o motivo de tantas pessoas fazerem interpretações equivocadas em relação à exposições excêntricas. Além disso, manifestações artísticas que trabalham o infantil constantemente são censuradas e apontadas como erotização precoce, mas o mesmo não ocorre quando jovens são explorados pela mídia e músicas de cunho sexual. Apesar de existir no Brasil uma lacuna cultural referente ao conhecimento dos diversos tipos de arte, é importante lembrar que qualquer expressão artística tem limites associados ao respeito às leis e ao próximo e à tolerância, pois tudo que transcende tais princípios é ofensa.     Logo, para que o conservadorismo e a incompreensão ante as diversas maneiras de arte sejam atenuados, é imprescindível que o Ministério da Cultura , mediante verbas do Governo Federal, promova exposições com obras consideradas chocantes em museus e praças públicas .Nesses locais devem haver professores de arte que expliquem  as diferentes interpretações que podem  existir para uma obra se as pessoas julgarem ser necessário. Esse mesmo ministério também pode juntamente com o da educação, por intermédio de docentes do meio artístico, instaurar em escolas públicas e privadas a partir do fundamental um oficinas em que os alunos possam criar obras e os magistérios consigam explicar as múltiplas produções e suas funções.