Enviada em: 05/10/2018

Cubismo. Futurismo. Dadaísmo. O início do século XX foi palco do advento de inúmeras vanguardas artísticas. Transgressoras e mal interpretadas em seu tempo, expandiram a visão de mundo da cultura ocidental. Nessa perspectiva, impor limites a realização artística não é apenas, lamentavelmente, reduzir os instrumentos de conhecimento de mundo do Homem, como também é um sinal claro da inversão do papel e do valor artístico na sociedade.              Ezra Pound, poeta e ensaísta norte americano, afirmava que os artistas são as antenas da raça: é por intermédio das obras de artes que o homem se depara, muitas vezes pela primeira vez, com os problemas do seu tempo. Um exemplo disso são os artistas barrocos, os primeiros a expressarem e a reconhecerem o sentimento dilacerado de uma sociedade divida entre a herança renascentista e a religião fragmentada pela reforma cristã de sua época. Nesse sentido, limitar a liberdade artística é limitar a capacidade de um indivíduo e de uma coletividade em conhecer-se, em entender os impasses de seu momento histórico e, consequentemente, resolvê-los.           Há quem argumente que as obras de artes e as performances, especialmente as de caráter chocante, promovem as práticas imorais representadas e, consequentemente, exigem sua censura. Entretanto, segundo Aristóteles, as produções artísticas impactantes moralmente realizam um dos efeitos de catarse: a purgação das patologias e agressividades naturais do homem. Analogamente e de maneira iconoclástica, o dramaturgo Nelson Rodrigues reiterava que suas personagens traíam e assassinavam em palco para que seu público não fizesse o mesmo. Por essa ótica, além de não estimular a imoralidade, a arte, atua como paliativo social que inibe as violências inatas do homem, fato que reforça ainda mais sua importância e necessária liberdade.           Portanto, tornam-se evidentes as razões pela qual a arte é visceralmente importante para o homem e como sua limitação seria uma ação desastrosa. Desse modo, é imperante às instituições de educação, Escolas e Universidades, o esclarecimento da importância e o ensino das Artes. Cabe ao Ministério da Cultura a veiculação de peças publicitárias, seja por meio de panfletos ou em parceria com as diversas mídias, que visem aproximar a grande massa das produções artísticas, diminuindo, assim, a estranheza e os conflitos. Além disso, é substancial que o mesmo Ministério realize uma fiscalização mais vigorosa no âmbito das limitações etárias, evitando a exposição de conteúdos inadequados para os públicos mais jovens. Com essas e outras medidas, a Arte continuará a ser um dos orgãos fundamentais da sociedade brasileira, talvez até mesmo o seu coração.