Enviada em: 30/10/2018

“Queermuseu”: chocante para quem?       Na obra “A origem do mundo”, do pintor francês Gustave Courbet, é representado as partes íntimas de uma mulher. Na época de seu lançamento foi considerada como uma obra desmoralizante segundo os padrões burgueses. Porém, a partir dela, insere-se o rompimento com as características idealizantes do Romantismo e inicia-se o Realismo. Este, responsável por representar a realidade das cidades e dos trabalhadores, e, assim, promover mudanças sociais. A arte, portanto, possui valor social e, muitas vezes, para atingir tal fim, é transgressora. Ao se limitar a arte, não há transgressão e, assim, não há arte.       Com a limitação de uma exposição, como o Queermuseu, há a definição de um modo de pensar como o correto, o ideal e, assim não há mudanças sociais. Toda censura, como esta, é fruto de uma ideologia, tal qual ocorrera na ditadura militar. O livro “Feliz ano novo”, de Rubem Fonseca, ao denunciar a realidade bruta dos centros urbanos fora censurado. Geisel, ministro da Justiça da época, alegou que o livro atentava contra a “moral” e os “bons costumes”. Tais caracterizações demonstram como a censura é resultante de uma visão arbitrária e, que não corresponde à vasta gama de pensamentos de uma sociedade.       A arte, também, é formadora de novos modelos culturais. O antropocentrismo, por exemplo, só se firmou como padrão da sociedade ao ser representado na arte, como na obra “A criação de Adão”, de Michelangelo. Tal obra, embora, desafiadora dos dogmas católicos na época, se firmou como um novo padrão cultural e social. A arte, assim, reafirma o seu papel na formação da cultura de uma sociedade.        A arte, portanto, não deve ser limitada. Ela é fruto de uma constante transgressão no intuito de promover reflexões e, assim, ocasionar mudanças sociais. A arte limitada não é arte, é representação.