Platão, filósofo grego, afirmou através da Alegoria da Caverna, que o conhecimento na terra são apenas sombras, defendendo a importância da investigação crítica na apreensão da realidade. No século XXI, o renascimento da censura artística no mundo e, principalmente, no Brasil, vai, de certo, contra o postulado filosófico,o que é inaceitável para uma nação em desenvolvimento. Dentre as inúmeras razões para o cerne disso, figuram em destaque duas. A priori, nota-se que, desde 1922, na Semana de Arte Moderna, a arte assumiu um caráter mais crítico- social em relação à metodologia clássica. De fato, mostras culturais que refletem o pensamento repreensor do autor ganham cada vez mais opositores. Em Porto Alegre(RS), por exemplo, a exposição "Criança Viada" veiculada no Queermuseo, a qual desmascara o preconceito e a homofobia através de uma iconografia da cultura pop, repercutiu nas diversas esferas sociais, assim, a mostra teve de ser cancelada. Em segundo, a interrelação da arte com o capitalismo fica explícita quando este preconiza o lucro ao invés do pensamento crítico. Nesse viés, as artes que não condizem com os "padrões" da sociedade não são expostas. Sob essa conjuntura, a inovação da arte proposta pelos artistas Modernistas, a qual quebrava com os valores tradicionais da época, perde forças cada vez mais no mundo contemporâneo. Convém, portanto, que a mídia, como veiculadora das principais informações, deixe de emitir juízo de valor acerca do que é correto ou não na arte, dessa maneira, essa não fica marginalizada. Ao Estado, cabe promover o maior acesso à cultura para as populações de menor poder aquisitivo, por meio de exposições gratuitas em determinados dias da semana, assim, grande parte da população pode desenvolver maior senso crítico, impedindo que limites sejam impostos à arte.