Enviada em: 22/10/2018

Na época da ditadura militar (1964-1985) no Brasil, a liberdade de expressão foi censurada pelos militares, que pretendiam combater os possíveis inimigos e assegurar o controle do Estado. Após manifestações populares, o povo conseguiu, por lei, o fim da censura, promulgada pela Constituição Federal de 1988. Porém, a liberdade garantida, que parecia ser a melhor opção, mostra seus lados obscuros nos dias atuais, nos quais cidadãos gozam desse direito para expor seus pensamentos preconceituosos e agressivos em relação aos outros. Logo, vive-se um emblema entre aquilo que se pode expressar e o que é politicamente correto.        Em primeiro lugar, é válido lembrar as causas dessa discussão. A Constituição garante o direito dos indivíduos de exprimir suas opiniões, contudo, esses podem e devem ser julgados se ferirem a imagem alheia. Nesse contexto, o termo "politicamente correto" foi adotado para coibir esses atos desrespeitosos, principalmente contra às minorias. Assim, a censura hoje é feita através desse vocábulo, e esse tema ganhou popularidade após o atentado em 2015 ao jornal Charlie Hebdo de Paris, no qual jornalistas considerados satíricos foram mortos por grupos que não apreciavam suas publicações.        Outro ponto fundamental é analisar o papel da internet dentro desse cenário. Após o ataque, as mídias sociais foram bombardeadas com comentários não só a favor do jornal mas também daqueles que condenavam que suas notícias tinham ultrapassado os limites de expressão. É claro que nenhum ato, mesmo que julgado impróprio, deve ser reprimido de forma violenta; entretanto, o que se percebe nas redes é o aumento de comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, os quais são feitos por usuários em anonimato que se acham dentro do direito de manifestar suas opiniões, mesmo se isso desrespeitar o próximo. Dessa maneira, nota-se que o ditado “pensar duas vezes antes de agir”, infelizmente, não é mais lógico dentro desse contexto, em que pessoas não se preocupam com a consequências de suas condutas.         Fica claro, portanto, que os conceitos de liberdade de expressão e o politicamente correto estão divergentes. É preciso que as instituições de ensino, junto com a mídia, tratem dessa problemática de forma mais ampla, com aulas e debates sobre o tema, mostrando para os indivíduos que a liberdade de hoje foi conquistada após muitos esforços, e que, acima de suas opiniões, há um outro cidadão que pode se sentir lesado com elas. Desse modo, pode-se educar as pessoas para que se expressem de forma produtiva, contribuindo para uma sociedade mais consciente de suas ações e garantindo, assim, a não necessidade de uma nova ditadura sobre os meios de comunicação.