Enviada em: 02/05/2019

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las." Evelyn Beatrice Hall, escritora britânica, já em sua época, afirmava uma informação importante: o direito à liberdade de expressão. Na contemporaneidade, garantido pela Constituição de 1988, esse direito está ameaçado, em virtude do politicamente correto, o que representa, assim, um desafio a ser enfrentado. Dessa forma, é necessário avaliar os efeitos desse cenário, que prejudicam as relações sociais, para, então, solucioná-las.     De início, cabe salientar que o politicamente correto impõe limites à liberdade de expressão de cada cidadão. Sabe-se, que esse adjetivo é aplicado para evitar linguagens, piadas ou ações, que insultam grupos já marginalizados socialmente, especialmente os definidos por sexo ou raça. Todavia, mesmo que essas situações sejam vistas como opressoras e discriminatórias pela sociedade, isso vai de encontro com a Constituição de 1988, a qual garante que todos são iguais perante a lei e tem direito à livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, sem distinção de qualquer natureza. Logo, o politicamente correto reprime opiniões depreciativas e, de forma espontânea, condena aqueles os quais se sentem livres para manifestar suas ideais.     É notório, ainda, que as classes dominantes utilizam-se da ideia de expressar-se corretamente para a sua manutenção no poder. Consoante o conceito de "micropoder" analisado por Michel Foucault, o poder não se encontra apenas em grandes instituições, como o Estado, mas fragmentado nas mãos de cada indivíduo, o que corrobora as relações de dominância na sociedade. Sob essa lógica, as classes privilegiadas usufruem do politicamente correto para silenciar opiniões divergentes das suas, muitas vezes ditas como pejorativas e excludente, além de buscar a perpetuação de sua ideologia também. Assim, essa situação prejudica o questionamento das pessoas, já que o significado de ser politicamente correto é relativo, abstrato e individual.    Fica claro, portanto, que o impasse entre o politicamente correto e a liberdade de expressão requer ações efetivas para ser resolvido. Nesse sentido, o Governo Federal deve investir em projetos contra essa problemática, por meio de uma parceria público-privada com os meios de comunicação, mormente os canais abertos de televisão; através do financiamento de documentários jornalístico e séries, para serem passados nos horários de maior audiência, a fim de explicar o que é ser politicamente correto e promover uma reflexão social de suas possível consequências, como a falta de liberdade e a manipulação social. Espera-se, com isso, garantir a autonomia do pensamento dos indivíduos e efetivar o seu direito de dizê-lo, como afirmava a escritora Evelyn Hall.