Enviada em: 26/10/2017

Na Grécia antiga, existia uma liberdade de expressão voltada aos homens livres. Já no feudalismo europeu, essa liberdade era dada aqueles ligados de forma direta ou indireta ao clero. E no absolutismo, ela não existia, visto que o rei era uma opinião praticamente inequívoca. Hoje, no Brasil, há um desejo de controlar tipos de expressões que sejam apontadas como desrespeitosas e preconceituosas. Nesse sentido, porque cresce a tendência de regular a liberdade de expressão daquilo que não seja julgado politicamente correto no país?      Em uma primeira análise, verifica-se que o politicamente correto não é uma forma autêntica de conter o direito à manifestação do pensamento, uma vez que infringe o princípio da igualdade ao tentar estabelecer as ideias que podem ser manifestadas. Em virtude disso, ele tenta desmantelar o que as pessoas têm de mais importante: o pensamento peculiar. De acordo com o filósofo e escritor brasileiro Luiz Felipe Pondé, esse termo restringe a liberdade de pensar. Por conseguinte, o pensamento popular torna-se desvalido e mediano e, por essa razão, aumenta-se a mediocridade. Dessa forma, os brasileiros igualam-se na maneira de refletir e passam a temer a ousadia.      Segundo o preâmbulo da Constituição Federal de 1988, o Brasil é uma sociedade pluralista. Isso mostra  que a compreensão a ideias inóspitas é um dos preceitos essenciais de uma democracia, visto que não há pluralidade sem tolerância e não se pode combater atitudes de intolerância com mais repressão. Ademais, condenar uma ideia por mera divergência, na prática, nada mais é do que censura por motivos ideológicos. Bom exemplo disso é o caso do cantor Alexandre Pires, investigado pela prática de racismo por ter gravado um videoclipe em que invadia uma festa com vários homens fantasiados como macacos. Dessa maneira, mesmo ideias que causam repulsa mereçam amparo constitucional, o politicamente correto não muda o pensamento, apenas impossibilita de manifestar-se.       É necessário, pois, que se mude a opinião reacionária e discriminatória prevalecente no Brasil. Para tal, o governo federal deve criar uma campanha de conscientização recorrendo às TVs, rádios e mídias sociais, a fim de conscientizar a sociedade sobre a seriedade e os perigos de qualquer cidadão ter seu direito à expressão delimitado. Essas ações podem oferecer um canal de denúncia a violações à liberdade de expressão e, à medida que o discurso que instiga o ódio e a violação de direitos, deve ser punido pelo Estado. Paralelamente, as escolas precisam promover palestras por meio de especialistas nas áreas, com o intuito de quebrar preconceitos e educar os jovens para um pensamento mais plural.