Enviada em: 29/10/2017

A eleição presidencial de 1989 ficou marcada pelas fervorosas ofensas trocadas entre os candidatos Brizola e Maluf. Em novas eleições presidenciais, 25 anos depois, nada foi diferente: os debates mostraram o quanto as palavras podem definir posições, e, desta vez, não chegaram só à boca do povo, mas também aos dedos, às redes sociais. Diante da falta de respeito em qualquer assunto e local, é válido refletir: há mesmo limites na liberdade de expressão no mundo de hoje?  Em primeira análise, para entender esse problema, é necessário compreender a relevância da internet no agravamento do impasse. Isto é, a Internet e as redes sociais têm alimentado o debate anônimo e, consequentemente, a manifestação de ideias sem enxergar o respeito ao próximo chegou aos debates. Um exemplo claro disso está nas próprias eleições presidenciais, quando amizades se desfizeram como resultado de opiniões divergentes. O problema, porém, não se resume só ao espaço virtual.   Não se atendo à Internet, a opinião sem medições chegou às ruas. A campanha dos adesivos e os atentados a jornais considerados desrespeitosos provaram que o respeito ao próximo já não é mais limite para a liberdade de expressão. Com isso, o posicionamento de grupos midiáticos se tornou mais firme – e reconhecível – e as divisões de ideias ficaram mais claras. Em um cenário de perda do respeito, é impossível não perceber que a liberdade de opinião, nos dias de hoje, se tornou uma arma.    A fim de atenuar o problema, em um primeiro plano, as instituições de ensino, em parceria com as ONGs, podem promover palestras, discussões e até projetos que envolvam a questão da consciência na manifestação de ideias. Além disso, a mídia e o poder público, juntos, podem trabalhar a temática e suas consequências em novelas, programas de TV e campanhas publicitárias. Assim, poderemos, finalmente, educar sem precisar desarmar e evitar que debates como os de 1989 e 2014 se repitam no Brasil e no mundo.