Enviada em: 31/10/2017

Hodiernamente, as pessoas estão tornando se mais intolerantes à forma de ser e pensar das outras, considerando apenas o seu pensamento como absolutamente correto. Como justificativa para esse posicionamento, utilizam se da liberdade de expressão - direito fundamental do homem que garante a manifestação de opiniões, ideias e pensamentos sem censura – ao seu favor, o que acaba entrando em conflito com o politicamente correto - neutralização de uma linguagem ou discurso, evitando o uso de narrativas que possam fazer referências às diversas formas de discriminação existentes -. Com esse cenário surge o questionamento: qual seria o limite entre a liberdade de expressão e o politicamente correto?       Na Sociologia e na Literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que vem acontecendo, com o advento das redes sociais os internautas tupiniquins começaram a usar a liberdade de expressão para disseminar discursos de intolerância e conservadorismo, como mostra o projeto Comunica que Muda, no qual entre abril e junho foram identificadas 393.284 menções discriminativas e preconceituosas no Facebook, Twitter e Instagram. Casos recentes de ataques de racismo com celebridades, entre elas a apresentadora do Jornal Nacional Maria Júlia Coutinho, a atriz Taís Araújo e a cantora Preta Gil, através de “piadas” travestidas que são curtidas e compartilhadas são exemplos da amplificação do ódio nas redes sociais.       Além das redes sociais, outro tema muito debatido na tênue linha que separa o politicamente correto da liberdade de expressão, é o humor. Algumas pessoas utilizam do humor para expressar a suas ideias, geralmente racistas, homofóbicas e imorais, de forma a se esconder sob a retórica do direito da licença de opinião, para assim não ter que assumir qualquer responsabilidade. Como foi o caso Rafinha Bastos e Wanessa Camargo, ocorrido em 2011. O humorista foi processado em razão de que durante o programa "CQC", declarou que "comeria ela e o bebê, não to nem aí" ao comentar sobre a gravidez da cantora, provocando polêmica entre internautas que defendiam o apresentador por estar apenas manifestando a sua arte e os que acharam ofensivo e egocêntrica a forma de falar do comediante.      Portanto, sempre haverá a discussão entre os limites o politicamente correto e da liberdade de expressão. Contudo, o que não pode acontecer é essa liberdade se tornar um discurso de ódio como vem ocorrendo nas redes sociais. Para isso se faz preciso que os meios de comunicação com a União se juntem para realizarem campanhas de diversidade para combater a intolerância. Além disso, o Ministério da Educação poderia fazer palestras com psicólogos em escolas e universidades com o objetivo de combater discursos de ódio, para que assim as futuras gerações se tornem mais tolerantes.