Enviada em: 31/10/2017

Humor: modo de agir que faz com que outras pessoas riam de algo divertido, cômico. Esse tipo de comportamento, no entanto, quando ultrapassa os limites da liberdade de expressão, pode se configurar em transgressão social destrutiva, à medida que ridiculariza minorias, como negros, mulheres e homossexuais. Dessa forma, ser politicamente incorreto é uma forma de reforçar o preconceito e à intolerância frente a esses grupos.      Em primeiro lugar, a liberdade de expressão não é irrestrita quando se vive em sociedade. Nesse sentido, observa-se que o desrespeito às leis ou normas impostas resulta em punição, confirmando que ninguém é absolutamente livre. Conforme Voltaire, preconceito é opinião sem conhecimento. Essa conhecida frase mostra que ao tratar do uso do humor, em que as piadas em grande parte satirizam as minorias, como por exemplo, a comunidade homossexual, fica evidente o quão leiga e homofóbica é a sociedade brasileira. Prova disso é o fato do país apresentar os maiores índices do mundo de violência contra esse grupo. Assim, esse tipo de liberdade negativa, de exprimir intolerância, seja verbal seja física, precisa ser punida de forma efetiva.     Não obstante, frente à ineficiência da justiça em punir os comportamentos e atitudes implícitas de prejulgamentos por meio do humor, a reação da população pode ser mais intimidadora que a lei. Recentemente, o humorista Danilo Gentili, foi absolvido do crime de injúria racial após ter feito uma piada com um empresário negro. Segundo a justiça, apesar de a abordagem ser agressiva, houve um contexto que permitiu a referência do apresentador a bananas em sua piada, o que mostra que a legislação frente às ''piadinhas'' torna-se parcial. Dessa forma, o repúdio da sociedade às anedotas preconceituosas pode ser uma forma de coibir essa prática.    É evidente, portanto, que ser politicamente incorreto é uma transgressão negativa em razão de fortalecer o preconceito no país. Assim, cabe ao Estado identificar os crimes de intolerância, por meio da aprovação de uma lei, a fim de coibi-los e reduzir a rejeição criada em relação às minorias. Ademais, as instituições de ensino devem estimular  debates sobre as diferentes realidades sociais, por meio da inclusão de aulas mais abrangentes de sociologia, a fim de darem início à desconstrução de estereótipos. Assim, quem sabe, o Brasil pare de transmitir a falsa sensação de respeito às diversidades.