Beleza Perigosa Todos sabem que, em nosso país, há tempos, observa-se a busca constante para ter um corpo bonito e saudável. Entretanto, essa procura pelo corpo ideal, muitas vezes, pode levar o indivíduo a atravessar o perigoso limite entre estética e saúde. E é aí que muitas pessoas acabam entrando em dietas e cirurgias malucas que prometem (e nunca cumprem) verdadeiros milagres. Em consequência disso, o Brasil registrou mais de 1 milhão e 200 mil cirurgias plásticas em 2015, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética, ficando atrás somente dos Estados Unidos. De acordo com a professora de história da PUC-SP Denise Bernuzzi, não existe um limite para as cirurgias, daí essa ansiedade pelo corpo dos sonhos, o confronto entre a busca desenfreada da beleza e o valor a ser pago por isso. Pode-se mencionar, por exemplo, um personagem fictício que exemplifica perfeitamente essa ultrapassagem de limite, o Capitão America. Relatado nas histórias em quadrinhos da Marvel como um jovem franzino e mau desenvolvido que arrisca a própria vida para atingir o pico da perfeição humana após aplicar um soro experimental produzido pelos Estados Unidos. Em meados dos anos 80, com o avanço tecnológico e os métodos de retoque por comportador, o padrão de beleza divulgado pelas mídias é irreal, não passando de sabotagem e manipulação de fotos reais, gerando consequentemente infelicidade para quem está distante e deformação em quem o persegue. O exemplo mais famoso vazado anonimamente mas muito divulgado é da cantora Madonna, que teve suas fotos divulgadas na internet antes dos retoques de photoshop pela revista "W" americana e chocaram parte dos seus seguidores. Levando-se em consideração esses aspectos, a grande cultura de padronização da beleza comum inalcançada impregnada na sociedade pelos mecanismos de comunicação deve ser combatida. A câmara dos Deputados Federais deve votar um projeto de lei que proíba as grandes mídias e influenciadores digitais a divulgar e estetizar produtos e serviços, evitando a propagação de apenas um determinado tipo de padrão para as pessoas. É dever do Judiciário brasileiro criar uma plataforma online onde os cidadãos possam denunciar formas de descriminalização e padronização da beleza, além de fiscalizar e propor adaptações na nova lei. Ao Governo Executivo cabe a missão de financiar com verba significante ONGs de ajuda psicológica para as pessoas que se submetem a tratamentos estéticos prejudiciais a saúde. Somente com a ajuda dos três maiores poderes da República conseguiremos mostrar para sociedade todos os males de uma busca por perfeição superficial.