Enviada em: 11/05/2018

Planeta descartável        Os resíduos gerados pelo descarte são uma problemática que exige discernimento e consciência dos cidadãos. Conforme o filósofo Karl Marx a desvalorização do mundo humano é diretamente proporcional à valorização do mundo das coisas. Dessa forma, o consumismo imposto pela sociedade capitalista, aliado à irresponsabilidade socioambiental da população gera prejuízos à sustentabilidade no planeta.        Em primeiro lugar, a obsolescência programada leva à necessidade do consumo exacerbado. Por conseguinte, ocorre o aumento na geração do lixo descartado, na maioria das vezes, de forma inadequada, em lixões a céu aberto e nos corpos d’água. Esse problema é agravado, atualmente, pelo elevado uso de equipamentos eletrônicos que possuem prazo de validade estipulado pela sua fábrica. O sociólogo Zygmunt Bauman fala sobre uma característica marcante na pós-modernidade: o individualismo. Nesse contexto, muitos cidadãos não fazem sua parte em prol da preservação ambiental para as gerações futuras.        Outrossim, a falta de consciência quanto aos danos do lixo, aliada a insuficientes políticas públicas que incentivem a reciclagem e a doação geram consequências graves para a sociedade. Assim, muitos restaurantes, empresas e indivíduos desperdiçam alimentos e objetos que poderiam ser úteis para outrem. O documentário Lixo extraordinário mostra a desigualdade social presente no país, no qual pessoas usam os restos de alimentos, destinados aos animais, para sobreviver. Essa mesma realidade é vista nos lixões das cidades, em que muitos tiram dali o seu sustento.       Deve-se, portanto, adotar mecanismos para que seja possível aliar o consumo à sustentabilidade. Cabe ao poder legislativo criar leis que incentivem a abertura de empresas do ramo da reciclagem, fornecendo facilidades fiscais às mesmas, para que materiais usados sejam reaproveitados, diminuindo assim o uso de novas matérias primas e aumentando as oportunidades de emprego. Ademais, as ONG’s do ramo, devem criar programas que facilitem a doação de alimentos não consumidos por restaurantes, hortifrútis e famílias, através divulgação nas redes sociais e de aplicativos que façam a mediação entre os envolvidos. Assim, será possível alcançar na prática uma maior valorização humana, teorizada por Marx.