Enviada em: 25/10/2017

A relação harmônica e respeitosa entre ser humano e natureza existente na Antiguidade e na Idade Média por conta da prevalência de mitos e crenças sobre a razão, foi subvertida pela lógica capitalista de consumo introduzida pelas Revoluções Industriais. Nesse sentido, como consequência do consumismo, a produção de lixo vem crescendo demasiadamente acompanhada da falta de destinação correta desses resíduos. Tal fato decorre não só da ausência de consciência ambiental da população, como também da ineficiência de ações efetivas por parte dos órgãos governamentais.        Nas ruas é frequente se deparar com o descarte inadequado de resíduos por parte da população. De simples cascas de bala no chão à toneladas de entulho em rios e terrenos baldios, esses materiais teriam um destino certo na reciclagem por serem compostos por substâncias não-degradáveis, porém esse hábito não faz parte da cultura coletiva do país. Nesse sentido, atitudes de descaso para com meio ambiente, como estas, trarão além de consequências às futuras gerações, problemas instantâneos como entupimento de bueiros e alagamentos até a proliferação de vetores de doenças a dengue, a febre chikungunya e a febre zika.        Aliado a esses fatores, há também a inadimplência do Estado. Sob essa ótica, existe uma grande deficiência em programas de coleta seletiva em consonância com a falta de incentivos e orientações para a separação do lixo nas casas e outros logradouros. Vale ressaltar ainda que, na maioria das vezes, centros de reciclagem e aterros sanitários só existem em grandes cidades, esquecendo-se das toneladas de lixo que são produzidas nos municípios mais interiorizados. Tais resíduos negligenciados produzem chorume que contamina lençóis freáticos e também gás metano, CH4, que contribui significativamente para o efeito estufa. Dessa forma, contribui-se para uma problemática ambiental local e global, a curto e a longo prazo.       Infere-se, portanto, que o acúmulo de lixo é um problema de ordem social em que os mais afetados serão os próprios cidadãos e a natureza, demandando ações efetivas para o seu controle. Para isso, faz-se necessário que o Ministério da Educação atue na implantação da Educação Ambiental desde a pré-escola, com práticas lúdicas, coletivas e colaborativas, em parceria com as prefeituras municipais, para que os alunos efetuem o plantio de árvores e aprendam sobre o reaproveitamento de materiais, além de palestras educativas ministradas por pedagogos e ambientalistas. Ademais, ao Governo Federal cabe oferecer subsídios às indústrias e empresas que produzam produtos à base de plástico, borracha e vidro e que recolham e deem destinação correta a esses materiais. Desta forma, aos poucos seria possível estabelecer relações harmônicas entre o ser humano e o meio ambiente.