Enviada em: 03/06/2018

Ao longo da construção do nosso país, desde a chegado dos portugueses até os dias atuais, houveram importantes momentos nos quais as massas populares tornaram-se sujeitos da história, como agentes que, por meio de ações coletivas, reinventaram a realidade que estavam inseridos. No século xxl, as manifestações sociais mostraram-se pontuais na manutenção do avanço da democracia, tendo em vista seu caráter reivindicatório e contestatório. Embora tenha-se conseguido, mediante a muitos anos de "luta", a conquista de direitos civis e sociais, antes cerceados, protegidos por uma constituição, a população ainda enfrenta problemas no que diz respeito a efetivação desse. Haja vista esse panorama, os movimentos sociais transformaram-se em vias pelas quais os cidadãos puderam unir-se, saindo da individualidade, dessa maneira havendo o engajamento em causas coletivas. Nesse contexto, a partir das redes sociais, a virtualidade de insatisfações represadas foi materializada em ações populares de grandes dimensões, algo que ficou evidente durante a Primavera Árabe, na qual utilizou-se da internet como uma ferramenta potencializadora do processo de libertação dos povos oprimidos. Outrossim, as manifestações populares - em decorrência do cenário de estereotipação, preconceito e persistência das desigualdades, presentes nas mais diversas esferas sociais - figuraram-se como os principais atores de defesa das demandas das minorias marginalizadas. Com efeito, diversos paradigmas vigentes na sociedade são duramente contestados, como o patriarcalismo, o racismo, a má distribuição de terras, que vem gerando um posicionamento radical por parte dos manisfestantes, o que produziu um sentimento de incerteza por parte da população em relação a validez do movimento, e principalmente a negligência estatal. Nesse sentido, as manifestações hodiernas fomentam, mesmo que de forma indireta, ideais defendidos por importantes levantes populares da história, como a Revolução Francesa, que tinha como alicerce o lema "liberdade, igualdade e fraternidade", buscando a propagação desses no meio social. Diante do exposto, torna-se evidente que o descaso do poder público somado a continuidade de imbróglios sociais sãos as principais causas das manifestações da atualidade. Em virtude disso, cabe ao governo promover um maior diálogo com essas e seus líderes, com o fito de analisar as causas defendidas e, a partir daí, se articular e tomar as medidas cabíveis para sanar os anseios da população. Ademais, os grupos manifestantes devem evitar ao máximo ações radicais e violentas, uma vez que essas tendem a provocar temor, assim deturpando o movimento perante a sociedade.