Enviada em: 05/11/2018

Foi Zamiatan que no início do século XX escreveu o livro "Nós", no qual retrata uma sociedade completamente manipulada devido ao monopólio intelectual do Estado. Se na ficção a manipulação intelectual se dá por meio do Estado, na sociedade contemporânea, esse controle é exercido, de modo mais sútil, pela manipulação do comportamento dos usuários de internet por meio do controle de dados. Primeiro, faz-se necessário ater-se a atual composição de dominantes e dominados. Segundo, torna-se necessário uma posição cética.         Em primeiro plano, torna-se esclarecedor apontar a tendência social de um grupo ocupar uma posição de dominância intelectual e um outro a de dominado, consoante a teoria de ideologia, fundamentada por Karl Marx no século XIX, época, na qual a dominância intelectual migrava da nobreza para a burguesia. De modo semelhante, pode-se identificar, na atualidade, uma nova transição do poder de manipulação, a qual as empresas de tecnologia assumem a posição de dominante, entretanto, por meio de mecanismos mais sofisticados, como a inclusão de suas ideologias de forma discreta aos conteúdos de interesse dos usuários.                            Em segundo plano, tendo em vista a forma capciosa em que se tenta realizar a manipulação, torna-se importante enfraquecer esse poder de dominação. Faz-se, assim, necessário a adoção de um posicionamento cético. Conforme afirma Carl Sagan, o pensamento cético é o único capaz de promover o progresso e a liberdade intelectual, uma vez que, nessa posição, as pessoas conseguem auferir as tentativas de manipulação.        Portanto, em vista da necessidade de assegurar a liberdade crítica dos indivíduos, o Governo Federal deve, por meio do Ministério da Educação em associação com o de Ciência e Tecnologia, incluir, na grade curricular escolar, os fundamentos do pensamento cético, assim como criar uma plataforma educativa na internet que possa instruir em como adotar esse pensamento. Assim, talvez, torna-se possível construir uma sociedade em que haja mais liberdade intelectual.