Enviada em: 05/11/2018

Como se sabe, a manipulação de informações para se obter vantagens escusas não é um dilema exclusivo da contemporaneidade. Na Alemanha Nazista, por exemplo, o Ministro da propaganda Joseph Goebbels se valia da adulteração de dados e do controle de informações para ludibriar a população. Hodiernamente, as empresas de tecnologia têm utilizado, de maneira obscura, bancos de dados e algoritmos que controlam as ações e as preferências dos usuários na internet. Contudo, não é aceitável a permanência de mecanismos que manipulem os indivíduos e os impeça de agir de forma autônoma na grande rede de computadores.      Em primeiro plano, é essencial salientar que o uso irresponsável dos dados e das preferências dos internautas é um perfeito exemplo do conceito de Indústria Cultural dos sociólogos Adorno e Horkheimer. Segundo eles, as grandes corporações midiáticas agem tentando uniformizar o consumo, os costumes e as opiniões da sociedade. A título de ilustração, pode-se citar o escândalo ocorrido no início de 2018 com o “Facebook”. Na ocasião, os usuários da rede social denunciaram o uso descomedido e sem autorização de seus dados por empresas de comércio eletrônico, parceiras do Facebook.      Ademais, é perceptível o poder de persuasão quando se possui informações privilegiadas. Nesse contexto, o filósofo francês Michael Foucault afirmava que os códigos linguísticos são dotados de grande poder simbólico, podendo coagir e direcionar os hábitos da população. Como exemplo, tem-se os filtros de busca do “Google”, que determinam quais são os conteúdos com suposta relevância e que serão vistos pelos “webnautas”.      Por conseguinte é notório que o uso irrestrito de dados dos usuários da internet deve ser mitigado com celeridade. Torna-se imperativo que o Estado, na figura do Poder Judiciário, exija que as instituições tecnológicas deixem evidente sua política de segurança de dados. Assim, o indivíduo poderá escolher se será inserido nos dispositivos que salvam suas preferências e manterá sua privacidade resguardada dos interesses puramente financeiros. Dessa maneira, os cidadãos terão autonomia e liberdade para pesquisarem e acessarem o que quiserem, sem serem influenciados por forças exteriores.