As fronteiras da internet, ao mesmo tempo que separam, unem e articulam, por elas passam discursos de legitimação ou manipulação,sobretudo do comportamento do usuário. Nesse contexto, em que a identidade humana passou a ser moldada pela imposição cultural, a qual se explicita nas redes sociais, vê-se a necessidade de analisar os efeitos dessa manipulação invisível para o ser humano. É indubitável, conforme afirmou o filósofo Zigmunt Bauman, que a internet passou a ser agente do sistema financeiro hodierno, descaracterizando valores e condutas do homem. Em defesa dessa acertiva, pode-se destacar a relação de manipulação implícita na internet, em que os usuários são instigados, por meio das ''cutucadas'' invisíveis, a aceitarem de forma não crítica, estilos de vida e padrões comportamentais condizente com o ditado pela modernidade. Com isso, os cidadãos tornam-se alienados por valores que, de forma implícita à primeira vista, descaracterizam sua própria identidade. Outrossim, é fundamental pontuar, também, que a manipulação presente no controle de dados perpassa o binômio indivíduo e internet, isto é, degenera a maior virtude do ser humano: a noção de sociabilidade. Levando em consideração a prerrogativa supracitada, infere-se que o indivíduo manipulado pelo processo de controle da internet é, não raro, levado a ver seu semelhante a partir do formato que essa malha manipulativa lhe conferiu. Tal afirmação é corroborada pelo pensamento do sociólogo Edgar Morin, o qual afirma que a vida social moderna, por estar submersa em uma massiva ideologia econômica, define toda a sociabilidade, baseando-se na degeneração entre o ser e o parecer, ou seja, o indivíduo passa a não aceitar em sua esfera comunicativa pessoas que não compartilham de seus ideais e valores, diretamente permutados pela manipulação invisível da internet. Destarte, medidas são necessárias para mudar essa manipulação presente na internet. Para tanto, é preciso que as escolas, com o auxílio de professores e diretores, por meio de palestras e atividade lúdicas em sala de aula, desde cedo, conscientizem os futuros cidadãos acerca da manipulação de dados presente na internet, bem como ressaltem os efeitos dessa problemática para seu convívio social, no intuito de que a criticidade possa estar em primeiro plano em suas vidas. Ademais, é imprescindível que as mídias comunitárias, tais como rádios e canais de televisão, levem para seus programas essa patologia social, ressaltando a importância de tomada de posição dos cidadãos frente ao que a internet impõe de forma crítica, a fim de que não haja liberdade para manipulação em seu cotidiano. Quem sabe assim, possamos garantir a autenticidade da nossa identidade diante dessa manipulação de dados.