Enviada em: 05/11/2018

Segundo Sartre, “liberdade não é fazer o que se quer, mas querer fazer o que se faz”. Recentemente, esse conceito tangenciado pelo filósofo francês ganhou novos matizes, e igualmente paradoxais, ao ser aplicado em referência a um ambiente reconhecidamente livre e democrático, a internet, em relação com os seus usuários. Isso pois estes, ao passo em que “navegam”, são guiados por algoritmos que previamente determinam a sua “rota”. Essa situação vem a caso para ilustrar a necessidade de clareza dos mecanismo moderadores na rede.     A internet oferece às pessoas uma quantidade astronômica de conteúdos. Em uma primeira avaliação, isso pode significar que a autonomia intelectual, crítica e até cidadã encontra-se literalmente ao alcance das mãos, entretanto, além de um banco de conhecimento, a “web” é também um espaço lucrativo, no qual as leis do mercado são mais fortes em virtude do contato direto e direcionado ao usuário e consumidor. Esse poder econômico-político-social foi notado por agências como a Cambrige Analitica, que, de forma questionável, influenciou o último pleito eleitoral norte-americano, ou seja, interferiu no comportamento do eleitorado quando este deveria proceder livremente.       A essa reflexão, junta-se outra: antes de serem seres virtuais, os seres humanos são seres sociais cuja formação se dá pela relação com outros em determinado meio, tal qual as proposições de Piaget e Vigotsky. Com esse pressuposto, notam-se os aspecto negativo da rede ao limitar contatos e saberes além de outros já conhecidos pelas máquinas.      Diante disso, urge, portanto, que a seleção de notícias pela rede seja clara ao usuário, o qual deve eleger se deseja ser guiado por filtros. A fim de garantir as liberdades individuais, propõe-se que esse procedimento seja previsto em uma lei complementar à Constituição Federal, para que os indivíduos queiram fazer e dizer o que fazem e não sejam manipulados silenciosa e inconscientemente.