"O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles". Essa afirmação da filósofa Simone de Beauvoir pode ser facilmente aplicada ao contexto da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da "internet", porquanto mais espantosa a ineficácia de meios de fiscalização midiáticos é a naturalidade como a situação é tratada. Por conseguinte, é evidente o malefício do domínio do meio digital em sociedade para a formação do senso crítico autônomo dos indivíduos e, por isso, é fulcral a mobilização estatal e civil com o fito de garantir a integridade das informações. Ademais, devem ser considerados aspectos relacionados aos interesses econômicos das empresas e à seletividade do conhecimento. Desse modo, é inegável que a questão constitucional esteja entre as causas da manipulação do comportamento dos usuários, pois, devido ao baixo investimento em métodos de fiscalização virtual, o problema tende a permanecer em sociedade. Assim, com base a teoria de " Modernidade Líquida ", do sociólogo Bauman, o país sofreu transformações sociais decorrentes do avanço da tecnologia. Dessa maneira, a indústria cultural mapeou o perfil dos usuários da "internet" para fornecer serviços parecidos com o seu perfil, com o intuito, principalmente, econômico. Nesse viés, mesmo com a pluralidade de informações contidas nas redes virtuais, ainda há obstáculos para amenizar o processo de manipulação social, uma vez que ratifica-se como impasse para o desenvolvimento plural da população brasileira. Entrementes, outro aspecto a ser avaliado é a seletividade do conhecimento por parte dos aparelhos eletrônicos. Nessa senda, a obra " Sentimento do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade, escritor modernista, reverbera o papel da "internet" no processo de um comportamento padronizado da sociedade, haja vista que as pessoas são direcionadas à usarem apenas o serviço, o qual a máquina tecnológica ofertou, como único e imutável. Outrossim, é essencial a participação efetiva da população no processo de autonomia do conhecimento, com o intuito de evitar a manipulação dos usuários. Entende-se, portanto, que é fundamental a pluralidade no fornecimento de informações e, em virtude disso, providências devem ser adotas para garantir o senso crítico da população. Dessarte, concerne ao Governo Federal, em parceria com empresas de tecnologia, elaborar um plano de fiscalização efetiva em âmbito virtual, por meio da aplicação de investimentos- a qual dará suporte para ampliar o projeto política e para eficiência do modelo -, com o propósito de punir de forma severa as instituições que manipulam informações, Além disso, cabe às Emissoras de Televisão promover comerciais e programas educativos, por intermédio de palestras com profissionais na área, com o efeito de ensinar a usar o meio tecnológico de forma eficiente para, então, evitar a seletividade do conhecimento.