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Enviada em: 08/11/2018

O romance distópico "1984", de George Orwell, expõe a íntima relação entre o prestígio do ditador Grande Irmão e o controle do banco de dados por ele, sendo possível selecionar e distorcer informações para manipular a sociedade inglesa a seu favor. Sob esta ótica, é possível traçar um paralelo com a realidade contemporânea na medida em que empresas e governos coletam informações digitais para melhor direcionar suas ações e estabelecer o perfil consumidor e político da população, sem o seu consentimento. Desta forma, são necessárias medidas que preconizem a garantia da privacidade e da imparcialidade no ambiente virtual.       A Internet tornou-se uma importante ferramenta no que tange à determinação de um mercado consumidor graças à "política de cookies", isto é, informações coletadas da atividade virtual dos usuários. Baseado em sites acessados e páginas curtidas em redes sociais, as empresas conseguem determinar os gostos consumidores individualmente, personalizando os anúncios a serem exibidos. Assim, o internauta é sutilmente influenciado a adquirir o produto ofertado devido a uma violação do direito à privacidade de seus interesses em prol do lucro gerado.       Ademais, o banco de dados virtual é utilizado para fins políticos, como ocorreu com as eleições americanas de 2017 e o Brexit. Instituições ligadas ao governo definem o perfil político e eleitoral dos internautas para então decidir quais as melhores estratégias de campanha através de suas informações digitais. Com isso, os votos podem ser previstos, influenciados ou reprimidos pelos canais virtuais de maneira imperceptível.       Diante do apresentado, é possível concluir que o controle das informações digitais configura-se como uma manipulação do comportamento dos usuários da Internet. Cabe à população civil aliar-se aos canais midiáticos para exigir do governo e das empresas maior sigilo das informações virtuais por meio de aplicação de leis mais rigorosas e inibidoras de tal prática, prezando a confidenciabilidade dos dados. Teremos então uma sociedade garantidora dos direitos individuais e distante da preconizada por Orwell.