Enviada em: 13/11/2018

Historicamente, as mídias sociais como programas de televisão e rádio tiveram papel fundamental na construção de uma identidade cultural na população, notadamente expresso no "American Way of Life" importado dos Estados Unidos para o Brasil no decorrer do século XX. Atualmente, os avanços tecnológicos e a criação da internet possibilitaram a comunicação em escala global e a democratização do acesso à informação. Entretanto, a mesma ferramenta que trouxe tantos benefícios carrega consigo a manipulação de comportamentos e uma falsa liberdade, características do século passado.       Segundo o filósofo iluminista Immanuel Kant, um indivíduo que se encontra em estado de menoridade é aquele cujo pensamento é influenciado por outrem, de modo a renunciar à sua racionalidade crítica e liberdade. De mesmo modo, o filósofo Jean-Paul Sartre, influenciado pela filosofia Kantiana, considera que "o homem está condenado a ser livre" e , por isso, assume as responsabilidades de suas ideologias. Todavia, apesar da internet ter criado uma malha de comunicação em escala global que modificou as relações humanas e trouxe facilidades para o cotidiano, ela possibilitou a manipulação do comportamento dos usuários em prol de interesses específicos, removendo sua liberdade de escolha e pensamento.       Outrossim, a manipulação de dados dos usuários de redes sociais corroborou para a perpetuação da intolerância e dos discursos de ódio, na medida em que gera um estreitamento de relações à pessoas que pensam semelhante e inviabiliza debates de ideias antagônicas. Somado a isso, essa prática feita por algorítimos virtuais influencia uma sociedade de consumo que compartilha tanto padrões estéticos quanto ideológicos.       Portanto, medidas são necessárias para combater a manipulação de dados na internet, visando a liberdade do usuário. Em primeiro plano, deve-se haver proteção dos dados do internauta através de criptografia digital, sendo uma atitude a ser tomada pelas empresas da iniciativa privada que atuam na área de tecnologia e redes sociais. Aliado a isso, deve o governo federal, através da câmara dos deputados, tipificar como crime virtual o uso de dados pessoais visando a manipulação ideológica e política dos usuários, devendo ser a internet um espaço de amplo debate e de pluralismo político e social. Por fim, devem a escola e a família promoverem uma participação conjunta que vise o esclarecimento de jovens do ensino médio, através de diálogos e palestras, de temáticas recorrentes em meio virtual, como propaganda e consumo em massa e manipulação.