Enviada em: 22/05/2018

Durante o processo revolucionário do setor industrial inglês, os cercamentos dos campos foram responsáveis por um intenso êxodo rural, fato que, aliado à falta de planejamento urbano, acarretou um aumento no número de moradores de rua na Inglaterra do século XVIII. No Brasil hodierno, contundo, a questão social dos indivíduos que habitam as ruas é corroborada pela crise empregatícia e pelas consequências da dependência de drogas nos âmbitos familiares.       Em primeira análise, a problemática da toxicodependência no âmbito familiar é um aspecto preponderante para a acentuação do número de moradores de rua no país. Nesse viés, ressalta-se que a dependência química é responsável pela geração de um estado de instabilidade coletiva nas famílias, uma vez que os toxicodependentes, quando acometidos por quadros de abstinência, podem reagir de maneira intolerante e agressiva nas relações interpessoais. Dessa maneira, esses indivíduos são, muitas vezes, rejeitados no meio familiar e encontram habitação nas ruas dos centros urbanos como, por exemplo, a Cracolândia, na cidade de São Paulo.      Ademais, ressalta-se que o desemprego estrutural brasileiro é um fator que propicia a locomoção de massas populacionais no país em busca de melhores condições de vida e de empregabilidade. Esse fato — observado, por exemplo, na migração nordestina para a efetivação do Plano Piloto de Brasília durante o período presidencial de Juscelino Kubitschek —, contudo, ocasiona uma expansão demográfica descontrolada nos centros urbanos. Consequentemente, devido à insuficiente oferta empregatícia para suprir a demanda dessa parcela de trabalhadores nesses locais, muitos desses indivíduos, sem condições financeiras para a manutenção de uma moradia, começam a habitar as ruas.      Urge, portanto, a efetivação de medidas para a resolução da questão social dos moradores de rua no Brasil. Mormente, cabe ao Ministério da Saúde, munido de recursos do Governo Federal, construir institutos de reabilitação química e instituir campanhas de recuperação de dependentes na televisão e nos centros urbanos, por meio da ação de agentes da saúde, com o fito direcionar quaisquer indivíduos toxicodependentes — sejam eles moradores de rua ou não — a essas instituições. Ademais, compete ao Ministério do Trabalho o estabelecimento de políticas de impulsionamento empregatício nas regiões menos industrializadas do país, com o intuito de ampliar a oferta de empregos e evitar a migração de massas populacionais desempregadas para os centros urbanos, assim como, a acentuação do número de pessoas sem moradia desses locais. Dessa maneira, talvez seja possível solver a questão social dos moradores de rua do Brasil.