Enviada em: 27/08/2018

O livro “Capitães da Areia”, do autor Jorge Amado, retrata o cotidiano de um grupo de meninos em situação de rua que residem em um trapiche na praia, mostrando a dura realidade daqueles que vivem à margem da sociedade. Nessa conjectura, o ideal seria que todos os cidadãos tivessem os direitos previstos em lei, principalmente à moradia, garantidos. Entretanto, a negligência em relação as más condições de uma parcela da população continua sendo um problema, tanto no que tange a esfera estatal quanto no social.     Primordialmente, observa-se uma escassez de políticas públicas voltadas as pessoas em situação de rua. Tendo em vista que, são raros os projetos na esfera Federal, Estadual e Municipal que têm como prioridade atender as necessidades pontuais, como banheiros equipados com chuveiros, ou à longo prazo, no caso das moradias, desses indivíduos. Fato observado nos relatos do documentário “À margem da imagem”, que mostra o total abandono daqueles que muitas vezes não são tratados nem como seres humanos e presenciam diariamente a negação de seus direitos.     Concomitantemente a essa dimensão política, quando o professor Fernando Braga da Costa escreve o livro “Homens Invisíveis”, ele aborda o conceito de “invisibilidade seletiva”, que remete a situação de segregação social que muitos indivíduos estão fadados a passar, corroborando-se a necessidade de mudar a realidade vivenciada pelos sem-teto. Contudo, a sociedade brasileira é contrária a essa lógica, visto que, essas minorias subjugadas tornam‐se imperceptíveis, não recebendo nenhum tipo de auxílio. Assim o desleixo e a naturalização das péssimas condições humanas fortalecem o processo de exclusão sociocultural.     É inegável, portanto, que o descaso perpetua as condições lastimáveis que os moradores de rua se encontram. Para que haja mudanças o Governo Federal, em parceria com empresas privadas de construção, deve criar projetos de revitalização de edifícios abandonados para que sejam entregues às pessoas em situação de rua, após um cadastramento em um banco de dados para que haja um controle e facilite uma possível ajuda financeira extra para aqueles que necessitarem. Além disso, as Prefeituras poderiam construir banheiros públicos equipados com chuveiro, produtos de higiene e toalhas com a finalidade de oferecer o mínimo de dignidade possível àqueles que já vivem com tão pouco.