Enviada em: 20/09/2017

No livro "Capitães da areia", de Jorge Amado, um grupo de jovens com diferentes históricos possuem em comum o fato de morarem nas ruas. Fora dos livros, a população em situação de rua é uma triste realidade no Brasil, que persiste graças ao descaso da sociedade civil e do governo, demandando ações efetivas de combate a essa mazela social.       A inconstância e a rapidez nos processos e relações humanas são características da modernidade líquida, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman. Nesse viés, é possível perceber que a sociedade se mostra displicente em relação à realidade precária de vida de seus semelhantes. Isso porque, com a urgência do dia a dia, os moradores de rua acabam incorporados à paisagem urbana pela maioria dos brasileiros. Contudo, uma maior visibilidade do problema por parte da população contribuiria significativamente para a adoção de políticas públicas e para a integração desses indivíduos à sociedade.       Corrobora ainda para essa realidade, a falta de empenho, principalmente dos governos municipais, em resolver efetivamente esse impasse. Hodiernamente, são constantes medidas como as do prefeito de São Paulo, João Doria, de dissolver locais como a "cracolândia", em que se concentram moradores de rua e usuários de drogas. Entretanto, atitudes paliativas como essas, preocupadas apenas com a transformação do espaço, desconsideram a complexidade da problemática de proporcionar dignidade e igualdade de direitos à essa parcela da população, conforme prevê  na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, sendo inerentes a todos os indivíduos.       Infere-se, portanto, que uma maior atenção governamental e social transfiguram caminhos eficientes para o combate das questões vigentes. Para isso, faz-se mister que ONGs e entidades que atuem nesse âmbito promovam, nas mídias de televisão aberta e nas redes sociais, campanhas de arrecadação de donativos e de conscientização, com o fito de despertar nos indivíduos a fraternidade e o engajamento na cobrança de medidas governamentais. Ademais, cabe as prefeituras  atuar com um trabalho psicológico a fim  de verificar as origens da reclusão das pessoas que moram nas ruas, podendo, dessa forma, agir conforme a demanda na construção de abrigos de crianças e de idosos, de clínicas para dependentes ou de cursos de capacitação. Diante disso, o país poderá caminhar lentamente rumo à resolução dessa adversidade.