Enviada em: 23/10/2017

No início de 2017, o prefeito de São Paulo adotou medidas hostis aos moradores de rua, como a retirada desses indivíduos de regiões centrais. Essas decisões levantaram diversos debates acerca da realidade enfrentada por esses cidadãos e da efetividade de apenas expulsá-los de determinadas áreas da cidade. Fatores de ordem social, bem como econômica, caracterizam o dilema das pessoas em situação de rua no Brasil hodierno.    É importante pontuar, de início, a apatia de muitos brasileiros quanto ao crescente número de moradores de rua. À guisa do sociólogo Zygmunt Bauman, o individualismo é a principal característica do mundo contemporâneo, em que noções de coletividade tornam-se escassas. Esse fenômeno acarreta na invisibilidade das pessoas em situação de rua, que são esquecidas pela sociedade e até mesmo vítimas da intolerância e do preconceito latentes no Brasil. Tal fator é ratificado pelo ataque a esses indivíduos no Rio de Janeiro em 2017, que resultou em dois mortos e vários feridos.    Outrossim, tem-se a influência de valores econômicos no aumento de brasileiros vivendo nas ruas. Conforme o pensamento de Marx, no mundo capitalizado, a busca pelo lucro ultrapassa princípios éticos e morais. Tal realidade é facilmente percebida na gentrificação, que, ao aumentar os custos de vida em uma região, expulsa a população carente de suas moradias. Esse fenômeno impulsiona o número de moradores de rua, já que, segundo o site Brasil Escola, 20% desses indivíduos se encontram nessa situação devido à perda de suas casas.