Segundo o Max Weber, os problemas sociais representam um conjunto de pensamentos e ações presentes no contexto social. Logo, o fato do Brasil apresentar 100 mil moradores de rua, demonstra que a sociedade foi pautada em meio a grandes desigualdades e negligências com os direitos básicos de alguns indivíduos. Dessa forma, deve ser ressaltado que o Estado e a população não tem cumprido seus papéis. Primeiramente, é preciso considerar que o acesso a terra no país sempre foi dificultado. No período colonial houve uma pequena parcela de latifundiários e a maioria da população representavam os trabalhadores desses donos de terras. Em seguida, quando o trabalho escravo foi proibido, a Lei de Terras foi criada justamente para dificultar a obtenção de terrenos, uma vez que exigia uma renda elevada para adquiri-los. Nesse sentido, é perceptível que a sociedade sempre esteve pautada no fenômeno de exclusão social, pois vários grupos de pessoas não tinham representatividade na sociedade. Nos dias atuais, os moradores de ruas enquadram-se nessa situação, pois são indivíduos vítimas das mazelas da construção da sociedade brasileira, que não possuem visibilidade social. Diante desse contexto, é notável que o poder público não tem cumprido com sua função primordial, inclusive prevista pela Carta Magna, de garantir o acesso à moradia para todos os cidadãos. Essa realidade é alarmante, pois demonstra a falta de políticas públicas para amparar as pessoas que não possuem lar. Ademais, como ressaltado por Zygmunt Bauman, a sociedade atual pode ser caracterizada pelo individualismo, desencadeando assim, a falta de alteridade, logo, os moradores de rua ficam submetidos aos maus tratos das pessoas. Isso pode ser observado, pois não é raro a divulgação nos noticiários de agressões e até mesmo ateamento de fogo no corpo desses moradores. Recordando Max Weber, pode-se afirmar que essa situação representa preconceitos sociais. É evidente, portanto, que esses obstáculos não devem permanecer na população atual. Para isso, as instâncias governamentais devem criar projetos que inserem os moradores de rua dentro da sociedade, isso pode ser feito por meio de casas de reabilitação que ofereçam tratamento médico, cursos profissionalizantes para o mercado de trabalho e moradia provisória, como o realizado pelos voluntários do Seara Urbana. Isso seria realizado com o objetivo de inclusão social. Ademais, o Ministério da Educação deve promover palestras educativas nas escolas e universidades a fim de mudar a mentalidade da população, isso pode ser realizado por meio da contratação de assistentes sociais que mostram a realidade dos moradores de rua através de vídeos com depoimentos e documentários. Dessa forma, o preconceito da população poderá ser revertido.