Enviada em: 19/08/2019

Durante a fase romântica da literatura brasileira, os escritores abusavam do álcool como meio para fugir da melancolia. De fato, o cenário brasileiro hodierno não se encontra tão distante dos românticos, uma vez que cresce, de forma exponencial, o abuso de álcool no país. Assim, devido a ineficiência da lei, somado ao controle midiático, a problemática instala-se, no qual dita sequelas que urgem serem mitigadas.        É válido ressaltar, antes de tudo, a ineficácia da lei que proíbe o consumo de álcool por menos de dezoito anos. Sob esse ângulo, uma pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo) evidenciou que cerca de 70% dos jovens de até 17 anos possuem contato com bebidas alcoólicas. Nesse viés, é incontrovertível que esse consumo precoce aumenta os riscos para a dependência, além de elevar os riscos para o desenvolvimento de câncer ou cirrose. Sendo assim, torna-se claro que a lei é desobedecida pelos estabelecimentos que vendem essas bebidas e urge uma medida pública mais rígida para que se cumpra o código.         Pode-se salientar, ainda, o papel da mídia ao impulsionar o etilismo. Nesse âmbito, tem-se indústrias de bebidas alcoólicas com propagandas abusivas ao mostrar pessoas felizes ao ingerir seus produtos como forma de estímulo ao consumo de seus produtos, o que deixa, de maneira implícita, a mensagem de que só será feliz quem consumi-la. Destarte, esse incentivo midiático é prejudicial à população, uma vez que o alcoolismo pode trazer consequências como violência e acidentes de trânsito. Esse cenário, entretanto, choca-se com a regulamentação vigente no país, uma vez que a Lei Seca proíbe a direção de veículos ao estar embriagado.        Infere-se, portanto, que o abuso do álcool na sociedade brasileira é consequência da ineficácia das leis. Logo, cabe ao Conselho Tutelar o papel de fiscalizar estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas aos menores de 18 anos e, para isso, deve criar e divulgar um disk denúncias em que a própria população será responsável por denunciar esses estabelecimentos, no intuito de minimizar a quantidade de jovens que entram em contato com o álcool precocemente. Ademais, cabe às escolas e a mídia conscientizar a população sobre o perigo do alcoolismo, bem como campanhas que evidenciem depoimentos de pessoas que já sofreram acidentes de trânsito devido ao álcool, a fim de chocar e sensibilizar alunos e a sociedade sobre os riscos que essa bebida pode trazer quando é mal utilizada.